BENTO XVI AO EPISCOPADO DE CAMARÕES: "BISPO É O CATEQUISTA POR EXCELÊNCIA"
Iaundê, 18 mar (RV) - O primeiro compromisso do papa nesta quarta-feira, em
Iaundê, em Camarões, foi o encontro com o presidente do país, Paul Byia, e, sucessivamente,
com os bispos.
Em seu discurso, o papa fez uma análise da Igreja camaronesa
e do papel dos bispos. Citando o Ano Paulino, Bento XVI recordou a necessidade urgente
de anunciar o Evangelho a todos. Para guiar e estimular o povo de Deus nesta tarefa,
afirmou o pontífice, os pastores devem ser eles mesmos, antes de mais, anunciadores
da fé a fim de conduzir a Cristo novos discípulos. "Os fiéis, para confirmar e purificar
a sua fé, têm necessidade da palavra do seu bispo, que é o catequista por excelência."
O
papa falou ainda da dimensão colegial do ministério episcopal, da relação do bispo
com os presbíteros e dos candidatos ao sacerdócio, encorajando os bispos a dar prioridade
à seleção e preparação dos formadores e dos diretores espirituais.
Recordando
as origens da fé cristã em Camarões, Bento XVI citou o trabalho dos religiosos e das
religiosas e dos catequistas. Um trabalho que, ainda hoje, é fundamental, "por isso
é essencial a sua formação humana, espiritual e doutrinal".
Falando dos desafios
pastorais, o papa citou em especial a situação da família, que sofre o impacto da
modernidade e da secularização com a sociedade tradicional: "Na promoção da pastoral
familiar, é importante favorecer uma melhor compreensão da natureza, dignidade e função
do matrimônio, que supõe um amor indissolúvel e estável".
Outro desafio é o
avanço de seitas e movimentos esotéricos e a influência crescente de uma religiosidade
supersticiosa, como também do relativismo. Tendências, segundo o pontífice, que "são
um premente convite a dar um novo impulso à formação dos jovens e dos adultos, particularmente
nos meios universitários e intelectuais".
O Santo Padre concluiu seu discurso
falando da globalização – contexto que leva a Igreja a nutrir um interesse particular
pelas pessoas mais necessitadas. "A missão do bispo impele-o a ser o principal defensor
dos direitos dos pobres, a suscitar e favorecer o exercício da caridade, manifestação
do amor do Senhor pelos humildes. Assim os fiéis são levados a descobrir concretamente
que a Igreja é uma verdadeira família de Deus, congregada pelo amor fraterno, que
exclui todo o etnocentrismo e particularismo excessivos e contribui para a reconciliação
e a colaboração entre as etnias para o bem de todos" – disse.
Por outro lado,
continuou, a Igreja quer, através da sua doutrina social, despertar a esperança nos
corações dos marginalizados: "Dever dos cristãos, sobretudo dos leigos que têm responsabilidades
sociais, econômicas, políticas, é também deixar-se guiar pela doutrina social da Igreja,
a fim de contribuírem para a edificação dum mundo mais justo onde cada um possa viver
com dignidade". (BF)