2009-03-18 13:03:00

A Igreja pode fazer a diferença: os temas da reconciliação, da justiça e da paz no centro das preocupações da segunda assembleia africana do sínodo


(18/3/2009) A Igreja acredita que pode fazer a diferença em África, ao serviço da “reconciliação, da justiça e da paz”. Estes temas estão no centro da II Assembleia especial para a África do Sínodo dos Bispos, cujo documento de trabalho («Instrumentum laboris») o Papa irá entregar solenemente aos representantes dos episcopados do Continente esta Quinta-feira, 19 de Março, nos Camarões.
15 anos depois do primeiro Sínodo africano, que abordou questões relacionadas com a missão evangelizadora em vista do jubileu de 2000, esta segunda reunião dos episcopados católicos de África vai decorrer em Outubro próximo, no Vaticano – uma opção que alguns contestam, mas que tem como intenção mostrar que os problemas dos católicos deste Continente não são periféricos, mas estão no coração de toda a Igreja.
Ponte entre estes dois grandes momentos é a capital camaronesa, Yaoundé, onde João Paulo II promulgou, em 1995, a Exortação Apostólica pós-sinodal “Ecclesia in África” e Bento XVI irá entregar o documento orientador do próximo Sínodo.
Do documento que leva o actual Papa aos Camarões sabe-se que é um texto de 94 parágrafos, distribuídos por cinco capítulos, para além da introdução e da conclusão. Abordam-se diversos aspectos dos desafios centrais - reconciliação, justiça, paz -, não só à luz das problemáticas actuais em África, mas também com os seus aspectos positivos.
Entre as dificuldades evidenciadas destacam-se o etnocentrismo ou o tribalismo que muitas vezes está por detrás de outros problemas – conflitos, nepotismo e corrupção, impunidade. O entusiasmo que se gerou com a obtenção da independência por parte das nações africanos acabou por desaparecer, muitas vezes, por causa do falhanço de governos, de iniciativa política ou militar.
Em entrevista ao jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, D. Nikola Eterović, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, destaca a importância de ir ao encontro das esperanças dos africanos e dar voz às experiências de reconciliação e de paz.
Quanto ao «Instrumentum laboris», recorda que o mesmo nasce de uma ampla consulta aos Bispos locais (ver questionário, em baixo) e é fruto de “uma grande colaboração”.
“O diálogo é apresentado como algo a que não se pode renunciar, com uma atenção particular às relações com o Islão, destacando algumas regiões onde há aspectos positivos e outras onde não faltam problemas”, adianta D. Eterović.
Temas como as pandemias que atingem a África ou a escravidão também estarão presentes neste documento orientador, que propõe uma revisão do caminho feito desde o I Sínodo, de 1994. “A Igreja, no Continente, está sempre na primeira linha quando se trata de reconciliação, justiça, educação, saúde”, assinala o secretário-geral do Sínodo.
Para este responsável, há em África “urgência de reconciliação, paz e justiça”.
“Há muitos conflitos diferentes, como recordou muitas vezes Bento XVI, não podemos ficar de braços cruzados. O crescimento quantitativo da Igreja deve ser também qualitativo”, aponta.
Em conclusão, diz D. Eterović, “a Igreja quer contribuir para um crescimento da sociedade, aplicando a sua doutrina social às diversas situações”.







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