SANTA SÉ NO FÓRUM DA ÁGUA: "É INACEITÁVEL UMA SÓ MORTE DEVIDO A UM DIREITO NEGADO"
Istambul, 16 mar (RV) - Abre-se nesta segunda-feira, em Istambul, na Turquia,
o V Fórum Mundial da Água.
Para a ocasião, o Pontifício Conselho da Justiça
e da Paz, preparou um documento intitulado "Água, elemento essencial para a vida".
Trata-se de uma segunda atualização do documento divulgado pela primeira vez na terceira
edição do Fórum, em 2003, em Kyoto, no Japão.
O próprio título do documento
reflete a posição da Santa Sé sobre a compreensão ética e religiosa dos muitos e complexos
problemas relacionados à questão do acesso à água. "A água é um bem que deve servir
ao desenvolvimento de toda a pessoa e de cada pessoa" – escreve o presidente do Pontifício
Conselho, Card. Renato Raffaele Martino.
Nesta edição do documento, o Pontifício
Conselho concentra a atenção sobre o reconhecimento da disponibilidade e do acesso
à água como direito humano e sobre a importância de ir além dos Objetivos do Desenvolvimento
do Milênio já alcançados e garantir a todos água potável e condições de higiene e
de saúde básicas.
Falando das pessoas que vivem na pobreza e que são as mais
vulneráveis diante das crises, o documento destaca que esta vulnerabilidade é cíclica
e fruto de diversas causas concentradas: analfabetismo, seca e nutrição inadequada
estão ligados entre si e perpetuam esta vulnerabilidade.
Neste contexto, o
Pontifício Conselho recorda o papel central que a água tem em todos os aspectos da
vida, nos ambientes nacionais, em suas economias, na segurança alimentar, na produção
e nas políticas.
A nota cita os dados conhecidos por todos: quase ¼ dos habitantes
do planeta, um bilhão e meio de pessoas, não têm disponibilidade suficiente de água
potável. Mais da metade dos seres humanos, três bilhões de pessoas, vive em casas
sem saneamento básico. Todos os anos, quase cinco milhões de pessoas, sobretudo crianças,
morrem por doenças associadas ao consumo de água não potável ou por carências hídricas.
Estes números – lê-se no documento – não podem ser vistos como aceitáveis,
apesar dos progressos feitos nos últimos seis anos. "É inaceitável uma única morte
devido a um direito negado."
Por fim, no documento, a Santa Sé pede que passos
avante para a formulação do "direito à água", que não é mencionado explicitamente
em nenhum documento das Nações Unidas. (BF)