REAÇÃO DOS BISPOS EM RELAÇÃO À CARTA DO PAPA SOBRE OS LEFEBVRIANOS
Cidade do Vaticano, 13 mar (RV) - Profunda gratidão: é esta a reação dos bispos
em relação à carta escrita por Bento XVI sobre a remissão da excomunhão dos quatro
bispos consagrados pelo arcebispo Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade São Pio
X.
"O papa não está sozinho. Os bispos estão com ele. Concordamos em sublinhar
o estilo inédito, humilde e corajoso e ao mesmo tempo franco e fraterno, utilizado
pelo Santo Padre na carta sobre a questão dos bispos lefebvrianos", disse o presidente
da Conferência Episcopal Alemã, Dom Robert Zollitsch que nesta manhã se encontrou
com o papa e ressaltou o extraordinário gesto do pontífice.
"Nunca li o texto
de um papa assim pessoal e tão aberto. Eu gosto disso. É também um sinal de comunicação,
um sinal de que o papa deseja entrar em diálogo com os bispos e explicar a todo o
colégio episcopal quais foram as razões que o impulsionaram a fazê-lo e como ele viu
tal situação. Ele fez isso porque teve a sensação de não ter sido bem compreendido
em relação ao objetivo final de seu agir. Eu gostei de o papa ter se expressado a
todos numa maneira muito pessoal", ressaltou dom Zollitsch.
O estilo deste
documento foi também evidenciado pelo cardeal-arcebispo de Paris, André Vingt-Trois:
"Penso que o papa tenha sido sensível, penso que ele tenha sido surpreso pela reação
de alguns cristãos porque ele percebeu que para alguns, como ele mesmo disse, esta
foi uma ocasião para evidenciar as feridas antigas, rancores e desprazeres. Existe
também a possibilidade de expressar uma aproximação profunda pela Igreja. Por isso
era necessário que o papa escrevesse tal mensagem. Falando sobre as primeiras reações,
os comentários que ouvi foram muito positivos e levam em consideração as explicações
e as reflexões que o papa apresenta. A segunda reflexão que gostaria de faz é que
esta relação viva entre a Santa Sé e as Igrejas particulares é o que forma o tecido
da vida da Igreja. Existe um diálogo entre o papa e os bispos. O diálogo é a essência
de nossa relação", frisou o purpurado.
O sentimento de gratidão foi também
expresso pelo episcopado austríaco, reunido nestes dias em assembléia plenária. Numa
nota os bispos austríacos sublinharam a atenção pastoral de Bento XVI, que quis explicar
as razões que o motivaram a retirar a excomunhão dos bispos lefebvrianos. Também numa
nota os bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI) expressaram sua gratidão pelas
palavras esclarecedoras do Santo Padre. Os bispos ingleses, por sua vez, sublinharam
a humildade do papa expressa no documento, enquanto os bispos belgas apreciaram o
espírito de reconciliação que animou o pontífice.
Também os bispos suíços expressaram
grande manifestação conforme as palavras do bispo de Lugano, Dom Pier Giacomo Grampa:
"Acolhemos esta carta do Santo Padre com profunda emoção também pelo tom de humildade
e de fraternidade demonstrado pelo papa. A carta segue um estilo de delicadeza. Desejo
que tal estilo possa entrar no governo ordinário da Igreja. Reiteramos ao Santo Padre
a nossa solidariedade. Esta sua carta é a prova do quanto foram injustificadas as
reações negativas feitas contra a ele, mas isto poderia também representar a redescoberta
das dimensões positivas que muitos não conseguem ver neste papa. (MJ)