2009-03-11 12:59:51

Santa Sé pede que seja valorizada a actividade assistencial da mulher, em casa


(11/3/2009) A assistência aos doentes é um trabalho realizado mais por mulheres no âmbito mundial e é injustamente desvalorizado: afirmou D.Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas que pronunciou um discurso no Conselho Económico e Social na 53ª sessão da Comissão sobre o status da mulher.
Nesta ocasião mostrou a preocupação da Santa Sé pela «distribuição equitativa das responsabilidades assistenciais entre homens e mulheres».
O prelado afirmou que considerar a assistência como um aspecto fundamental da vida humana tem «implicações profundas, especialmente para o reconhecimento da dignidade da mulher».
Esta, de fato, implica «programas, políticas e tomada de decisões, assim como posturas pessoais e compromisso pelo bem-estar de todos». Os seres humanos «não são só criaturas autónomas e iguais, mas também interdependentes e que, apesar de seu status social e o momento vital em que se encontrem, podem precisar de assistência».
A superação do dilema entre autonomia e dependência «favorece também uma nova visão da obra de assistência, que não pode atribuir-se só a certos grupos, como mulheres e imigrantes, mas deve ser compartilhada por homens e mulheres, tanto em casa como no sector público».
Concretamente, no caso dos portadores do HIV, o trabalho assistencial domiciliar dentro das famílias e das pequenas comunidades é o meio mais adequado para que «não se associe o estigma social» à doença.
Infelizmente – lamentou –, a assistência no domicílio quase não se reconhece, e muitos assistentes «enfrentam situações financeiras precárias», já que quase não recebem nada dos fundos que se destinam a combater esta doença.
O valor da assistência
«A assistência deveria converter-se num aspecto fundamental do debate público e assumir uma relevância que seja capaz de modelar a vida pública, dando aos homens e às mulheres a capacidade de preocupar-se mais pelas necessidades dos demais», declarou.
Este trabalho, mal remunerado e desgastante devido ao seu escasso reconhecimento, está a ser levado a cabo mais por mulheres pobres e imigrantes. «Em sociedades caracterizadas por importantes transformações demográficas, por sistemas familiares, ocupacionais e assistenciais inadequados, as mulheres imigrantes respondem ao pedido de assistência de crianças, doentes, idosos e deficientes graves».
Em muitas partes do mundo, este trabalho assistencial, não regulamentado, em condições difíceis e com explorações de todo otipo, tem como consequência o facto de muitas mulheres que o realizam se encontrarem em situação de vulnerabilidade e isolamento social.
Neste sentido, os governos «deveriam reconhecer que as instituições públicas estão a ser aliviadas de trabalho graças à assistência familiar e, portanto, deveriam adoptar normas e leis que a protejam», também do ponto de vista migratório.
Entre outras iniciativas, D. Celestino Migliore propõe que se dê uma formação profissional adequada a estas mulheres, em elementos de saúde, psicologia, higiene etc. «revalorizando a sua inestimável atitude e evitando as situações de exploração».
O trabalho de assistência, concluiu o prelado, «é capaz de criar um processo de democratização da sociedade e de promover a consciência pública sobre a justiça social e efectiva, assim como a igualdade real entre homens e mulheres».








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