2009-03-09 18:26:30

TERRA SANTA AGUARDA O PAPA EM PEREGRINAÇÃO


Cidade do Vaticano, 09 mar (RV) - Bento XVI será o terceiro papa na história da Igreja – após Paulo VI em 1964, e João Paulo II no ano 2000 – peregrino na Terra Santa. Apesar de ser um dado já conhecido, o anúncio oficial feito no Angelus dominical de ontem, pelo próprio Santo Padre, foi acolhido com grande alegria pelos cristãos e não-cristãos do Oriente Médio.

Comentando o anúncio, o presidente israelense, Shimon Peres, disse que "será um evento comovente e de primeira importância, do qual se sente uma brisa de paz e de esperança".

Será uma peregrinação de 8 dias, de 8 a 15 de maio, que certamente será intensa de etapas e de encontros religiosos e civis. A propósito dessa peregrinação do Santo Padre, a Rádio Vaticano ouviu o custódio da Terra Santa, Frei Pierbattista Pizzaballa. Eis o que nos disse:

Frei Pierbattista Pizzaballa:- "Naturalmente, nós já estávamos informados sobre essa decisão, portanto, não fomos pegos de surpresa. Porém, ficamos igualmente contentes que o papa virá e, sobretudo, que ele mesmo tenha anunciado essa visita, dando assim também relevância a esse evento, que certamente será particular."

Bento XVI fará essa peregrinação – como ele disse – "para pedir ao Senhor o precioso dom da unidade e da paz para o Oriente Médio e para toda a humanidade."

P. Pode parecer uma pergunta ingênua, mas qual é o maior obstáculo, neste momento, para alcançar esse objetivo, que parece impossível justamente na Terra Santa?

Frei Pierbattista Pizzaballa:- "Não é fácil responder a essa pergunta. Ingenuamente posso responder – um pouco como a pergunta – que o problema somos nós, são as pessoas, os homens que vivem aqui, as histórias, as religiões, os apegos de modo talvez exagerados à própria identidade, com o medo de acolher o outro. Eu creio que, nesse sentido, a peregrinação do papa será para nós motivo de grande encorajamento, nos ajudará a enxergar além, a olhar um pouco mais do alto do quanto fizemos até agora."

P. Esperam-se somente aspectos positivos dessa visita, ou existem dúvidas e temores ou possíveis incompreensões também por parte de outros sujeitos políticos e religiosos?

Frei Pierbattista Pizzaballa:- "Naturalmente, a Terra Santa é uma encruzilhada muito delicada e também os equilíbrios são muito delicados, quer entre as Igrejas, quer entre os diversos credos, entre os povos, a política. Portanto, o papa estará visitando uma área muito delicada do mundo, onde as instrumentalizações são um perigo constante. Mas estou certo de que o papa com a sua personalidade, com a sua linguagem, não se deixará levar por essas considerações."

Também personalidades de relevo do mundo judaico italiano manifestaram a sua satisfação pela peregrinação do papa à Terra Santa. A nossa emissora ouviu o rabino chefe da Comunidade judaica de Roma, Riccardo Di Segni, que esta manhã manteve um breve colóquio com Bento XVI, à margem de sua visita ao Capitólio – sede da prefeitura de Roma:

Riccardo Di Segni:- "Fiquei contente com o fato de o papa ir à Terra Santa e, portanto, poder ver de perto os problemas daquele lugar e levar também uma importante mensagem de participação."

P. "Uma mensagem também de paz, da qual realmente se precisa neste momento na Terra Santa e Israel...

Riccardo Di Segni:- "Sempre se precisa de paz e, portanto, benvindos os mensageiros de paz e que seja uma paz real."

Também o presidente da Comunidade judaica de Roma, Riccardo Pacifi, expressou palavras de encorajamento para a missão do papa no Oriente Médio:

Riccardo Pacifi:- "É um fato extraordinário, importante, mais do que nunca neste momento. É uma mensagem de um homem – que é o guia espiritual de uma das três grandes religiões monoteístas – que irá ao Oriente Médio, não somente a Israel, e, esperamos, possa levar, de um lado, uma mensagem de reconciliação e, de outro, a oportunidade de apresentar valores sobre os quais o judaísmo e o cristianismo fundaram as mais importantes democracias do mundo, especialmente da Europa. Sobretudo se dá num momento em que sabemos que talvez algo esteja sendo feito, seja mediante as ações feitas pela administração Barack Obama, através da secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton; seja mediante a ação feita pela União Européia e também pelo governo italiano. Existe a oportunidade de dar uma perspectiva ao povo palestino com ajudas econômicas importantes que possam construir as bases de um futuro Estado palestino. Isso está se dando logo após as eleições em Israel, que sabemos que foram também muito particulares."

P. Neste momento, parece fundamental o papel das religiões para favorecer também um processo de paz no Oriente Médio?

Riccardo Pacifi:- "Existe um lugar comum do qual somos muitas vezes prisioneiros: a idéia de que as religiões levam à guerra. Isso não é verdade. As mensagens genuínas dos homens de fé, as mensagens verdadeiras – não as daqueles que usam instrumentalmente a fé para fins políticos – levam sempre mensagens de esperança e, sobretudo, a partilha de construir uma sociedade na qual todos possam fazer algo para produzir o bem-estar." (RL)







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