Jerusalém, 09 mar (RV) - Foi aberta ontem, em Jerusalém, a conferência de estudos
sobre o estado atual da investigação sobre o Papa Pio XII e o Holocausto. O encontro,
que se realiza 50 anos após o falecimento do Papa Eugenio Pacelli, é promovido pelo
Instituto Internacional de Pesquisa do Holocausto de Yad Vashem e o Instituto Teológico
Salesiano (Studium Theologicum Salesianum) e se conclui hoje. O objetivo desta
conferência internacional é avaliar o estudo de historiadores e especialistas judeus
e católicos das duas escolas de pensamento, a mais crítica a Pio XII e a que valoriza
o seu trabalho, para dar respostas a uma série de perguntas.
Entre os temas
em debate estão o período precedente ao papado de Pio XII, as relações com os bispos
alemães, Pio XII e o Holocausto, a situação na Itália durante o período do Holocausto,
e o período sucessivo.
O encontro se realiza no Memorial do Holocausto Yad
Vashem, que será visitado por Bento XVI em 11 de maio, quando participará de uma cerimônia
em recordação das vítimas da Shoah. A sessão inaugural foi aberta por Avner Shalev,
presidente do Comitê Diretivo do Yad Vashem, e pelo Arcebispo Antonio Franco, núncio
apostólico em Israel.
Dom Antonio Franco afirmou que a Igreja Católica é o
melhor parceiro e aliado do Instituto Yad Vashem, pois preserva a memória do Holocausto
e seus ensinamentos. Pesquisadores católicos e judeus – disse ele – decidiram empreender
um diálogo e não um confronto: um diálogo baseado na confiança, para buscar a verdade,
esclarecendo eventos muito complexos. Dom Antonio Franco prevê que este encontro será
o primeiro de uma série, que se espera inaugure também uma nova fase nas relações
bilaterais. “Yad Vashem e a Santa Sé não podem ser antagonistas!” – exclamou.
Já
o chefe de Estado israelense, Shimon Peres, colheu a ocasião do anúncio feito pelo
papa, em São Pedro, e declarou que a visita do Santo Padre ‘será um evento tocante
terá importância primária, pois inspira um clima de paz e esperança’.
Em relação
ao episódio da revogação da excomunhão aos bispos lefevrianos, Dom Franco assinalou
que “não é possível ser católico e negar a Shoah e não pode haver dúvidas sobre esta
questão”, e lamentou “os tristes momentos nas relações entre o Vaticano e o mundo
judaico” que se registraram nos últimos meses.
O diretor do Yad Vashem, Avner
Shalev, destacou os progressos nas relações com o Vaticano, que podem levar em poucos
anos a ‘resultados muito importantes’. Shalev assegurou que seus estudiosos são completamente
‘independentes’, e se disse certo de que o estudo do Holocausto é uma empresa que
não terminará; que é destinada a passar de geração a geração.
O núncio apostólico
recomendou aos pesquisadores utilizarem um método mais amplo, que não se baseie exclusivamente
em documentos de arquivo, mas também em testemunhos da época e na realidade dos fatos.
Antes de abrir oficialmente o encontro, Dom Franco afirmou que quando seu mandato
como núncio terminar, daqui a três anos, dedicará seu tempo a aprofundar o estudo
sobre a Shoah. (CM)