2009-03-09 16:00:57

ESTUDIOSOS JUDEUS E CATÓLICOS AO REDOR DE PIO XII


Jerusalém, 09 mar (RV) - Foi aberta ontem, em Jerusalém, a conferência de estudos sobre o estado atual da investigação sobre o Papa Pio XII e o Holocausto. O encontro, que se realiza 50 anos após o falecimento do Papa Eugenio Pacelli, é promovido pelo Instituto Internacional de Pesquisa do Holocausto de Yad Vashem e o Instituto Teológico Salesiano (Studium Theologicum Salesianum) e se conclui hoje.
O objetivo desta conferência internacional é avaliar o estudo de historiadores e especialistas judeus e católicos das duas escolas de pensamento, a mais crítica a Pio XII e a que valoriza o seu trabalho, para dar respostas a uma série de perguntas.

Entre os temas em debate estão o período precedente ao papado de Pio XII, as relações com os bispos alemães, Pio XII e o Holocausto, a situação na Itália durante o período do Holocausto, e o período sucessivo.

O encontro se realiza no Memorial do Holocausto Yad Vashem, que será visitado por Bento XVI em 11 de maio, quando participará de uma cerimônia em recordação das vítimas da Shoah. A sessão inaugural foi aberta por Avner Shalev, presidente do Comitê Diretivo do Yad Vashem, e pelo Arcebispo Antonio Franco, núncio apostólico em Israel.

Dom Antonio Franco afirmou que a Igreja Católica é o melhor parceiro e aliado do Instituto Yad Vashem, pois preserva a memória do Holocausto e seus ensinamentos. Pesquisadores católicos e judeus – disse ele – decidiram empreender um diálogo e não um confronto: um diálogo baseado na confiança, para buscar a verdade, esclarecendo eventos muito complexos. Dom Antonio Franco prevê que este encontro será o primeiro de uma série, que se espera inaugure também uma nova fase nas relações bilaterais. “Yad Vashem e a Santa Sé não podem ser antagonistas!” – exclamou.

Já o chefe de Estado israelense, Shimon Peres, colheu a ocasião do anúncio feito pelo papa, em São Pedro, e declarou que a visita do Santo Padre ‘será um evento tocante terá importância primária, pois inspira um clima de paz e esperança’.

Em relação ao episódio da revogação da excomunhão aos bispos lefevrianos, Dom Franco assinalou que “não é possível ser católico e negar a Shoah e não pode haver dúvidas sobre esta questão”, e lamentou “os tristes momentos nas relações entre o Vaticano e o mundo judaico” que se registraram nos últimos meses.

O diretor do Yad Vashem, Avner Shalev, destacou os progressos nas relações com o Vaticano, que podem levar em poucos anos a ‘resultados muito importantes’. Shalev assegurou que seus estudiosos são completamente ‘independentes’, e se disse certo de que o estudo do Holocausto é uma empresa que não terminará; que é destinada a passar de geração a geração.

O núncio apostólico recomendou aos pesquisadores utilizarem um método mais amplo, que não se baseie exclusivamente em documentos de arquivo, mas também em testemunhos da época e na realidade dos fatos. Antes de abrir oficialmente o encontro, Dom Franco afirmou que quando seu mandato como núncio terminar, daqui a três anos, dedicará seu tempo a aprofundar o estudo sobre a Shoah. (CM)







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