Cidade do Vaticano, 05 mar (RV) - O renomado historiador jesuíta Pe. Peter
Gumpel confirmou ontem, em entrevista à RV, que foi encontrado um documento escrito
que testemunha a obra de Pio XII em favor dos judeus durante a perseguição nazista.
Na nota, extraída do Memorial das Religiosas Agostinianas do Mosteiro dos
Santíssimos Quatro Coroados de Roma, consta a frase: “O Santo Padre quer salvar seus
Filhos, inclusive os judeus, e ordena que os Mosteiros dêem hospitalidade a estes
perseguidos”. Datado de novembro de 1943, o documento traz uma lista de 24 pessoas
que o Mosteiro hospedou, atendendo ao desejo do papa Pacelli.
Pe. Peter Gumpel,
relator da causa de beatificação de Pio XII, afirma que o memorial é um ‘raro testemunho’.
O documento lhe foi entregue pessoalmente pelas Irmãs Agostinianas. Não é a única
prova da ação do pontífice em defesa dos judeus, pois há numerosos depoimentos verbais
de religiosas, sacerdotes e leigos, inclusive judeus, neste sentido.
Até agora,
ainda segundo o jesuíta, o que não havia eram declarações escritas sobre a atuação
de Papa Pacelli neste contexto. Isso pode ser explicado considerando que naqueles
tempos de perseguição e em situações como a que se vivia em Roma na época, as pessoas
não costumavam 'colocar as coisas preto no branco’, por prudência. “Havia o risco
que caíssem em mãos inimigas e fossem tomadas medidas hostis contra a Igreja Católica”.
“A obra de salvação levada a cabo por Pio XII foi feita através de mensageiros
pessoais, sacerdotes enviados a instituições e casas católicas, universidades, seminários,
paróquias, conventos, casas de religiosos”. Pe. Gumpel espera que esta nova prova
possa acelerar o processo de beatificação de Papa Pacelli: “Estamos aguardando a assinatura
do decreto por parte de Bento XVI” – diz. (CM)