Cidade do Vaticano, 03 mar (RV) - O presidente emérito da Pontifícia Academia
para a Vida, Dom Elio Sgreccia, criticou nesta terça-feira a criação de "bebês sob
medida", alegando que estes atos "lesam a dignidade do feto" e são feitos apenas visando
"dinheiro, interesses e caprichos".
Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Sgreccia
comentou o anúncio veiculado na última segunda-feira pela clínica norte-americana
Fertility Institutes, que oferece a casais a chance de escolherem as características
físicas dos seus filhos, com critérios puramente estéticos. Localizado em Los Angeles,
o instituto é dirigido por um dos pioneiros dos tratamentos de fertilização artificial,
Jeff Steinberg.
"Não é a primeira vez que divulgam estes anúncios para atrair
clientela. Em todo caso, trata-se de uma operação incorreta e lesiva à dignidade da
prole, porque manipula o corpo com o objetivo de dominá-lo e transformá-lo segundo
os próprios gostos" – afirmou o bispo.
"Assim como é ilícito que uma criança
que apresenta defeitos seja eliminada por seleção negativa, também é ilícito que se
faça uma seleção que obedeça unicamente aos desejos dos pais" – explicou.
Segundo
Dom Sgreccia, a manipulação genética pode parecer uma tendência própria da sede de
domínio que o absolutismo político sempre quis exercer sobre a vida das pessoas, mas,
infelizmente, "este tipo de instinto de dominação é inato nos homens, mas deve ser
freado pela moral e pelas leis, e sobrevive inclusive em regimes não mais totalitários".
(BF)