Católicos e muçulmanos de acordo na promoção da cultura da paz
(27/2/2009) Concluiu-se em Roma a reunião anual do comité concjunto para o diálogo,
composto por membros do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso e da Universidade
Al-Azhar do Cairo. No centro dos trabalhos, o tema da promoção de uma pedagogia
e de uma cultura de paz com particular referencia ao papel das religiões. No final
do encontro foi publicada uma declaração que entre outras coisas reafirma a necessidade
de proteger a juventude do fanatismo e da violência. No documento conjunto é sublinhada
também a importância de rever os testos escolares de maneira que não sejam ofensivos
dos sentimentos religiosos de outros crentes, ás vezes através de uma apresentação
errada dos dogmas, da moral e da historia de outras religiões. As duas delegações
abordaram a questão de como promover uma cultura da paz através da formação religiosa
e da educação em suas respectivas comunidades de crentes e manifestaram «sua convicção
da importância das boas relações entre cristãos e muçulmanos para a paz no mundo». Ambas
as partes afirmam que a paz «é extremamente necessária no mundo actual, caracterizado
por muitos conflitos e pela sensação de insegurança». Também concordam que a paz
«é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, o fruto de um esforço humano. Não poderá alcançar-se
uma paz verdadeira e duradoura sem justiça e igualdade entre as pessoas e as comunidades»,
afirmam. Outro dos pontos fundamentais do acordo é «a defesa da dignidade da pessoa
humana, especialmente no que diz respeito à liberdade de consciência e de religião». Destacam
especialmente o papel que a pregação religiosa, o ensino e inclusive a arte podem
ter na promoção de uma «cultura da paz», especialmente entre os jovens, que «devem
ser protegidos do fanatismo e da violência». Por isso, um dos pontos acordados
foi efectuar uma revisão dos livros de texto escolares para evitar que «contenham
material que possa ofender os sentimentos religiosos de outros crentes, às vezes através
da apresentação errónea de dogmas, questões morais ou históricas». Também os meios
de comunicação, advertem, «têm um papel e uma responsabilidade na promoção de relações
positivas e respeitosas entre os fiéis das diversas religiões». Finalmente, o manifesto
mostra a sua «preocupação» pelos «povos do Médio Oriente » e pede à comunidade política
que «faça uso, mediante o diálogo, dos recursos do direito internacional para resolver
os problemas». Encontro cordial Aos microfones da Rádio Vaticano,
o cardeal Jean-Louis Tauran explicou que o encontro «teve uma atmosfera particularmente
cordial», que fez com que «nascessem conversas espontâneas num clima de grande confiança
mútua». «Insistimos no facto de que é nosso dever educar os jovens para o encontro
entre as culturas e as pessoas – explicou –, sobre o papel da comunicação social,
sobre a relação entre paz e os direitos humanos.» Particularmente, sublinhou o
cardeal, tratou-se «do tema específico da defesa da dignidade da pessoa humana e seus
direitos, sobretudo no que diz respeito à liberdade de consciência e de religião,
e em particular à mudança de religião», revelou o purpurado. «Situamos tudo isso
no quadro da situação internacional, especialmente no Médio Oriente, situação tensa
por causa do conflito entre Israel e palestinianos, acrescentou. O cardeal Tauran
mostrou a sua mágoa pelo facto de a reunião do mês de Novembro passado «não ter tido,
por parte da imprensa árabe, um espaço informativo satisfatório». «O problema fundamental,
creio, é que a melhoria das relações, a atmosfera na qual se desenvolvem estas conversas
de alto nível, não conseguem ter um impacto nas massas muçulmanas: isso, para mim,
é um grande problema», acrescentou.