2009-02-20 19:46:27

DESAFIOS DA GENÉTICA E RISCOS DA EUGENIA - RINO FISICHELLA


Cidade do Vaticano, 20 (fev) - O Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Arcebispo Rino Fisichella, fez um discurso de abertura ao Congresso sobre Novas Fronteiras da Genética e o Risco da Eugenética, dia 20. Eis uma síntese do que disse o prelado: A realidade em que vivemos atualmente é tão nova e complexa que afeta não somente a ciência e a tecnologia, mas também a antropologia, na visão da automanipulação a que o homem chegou.
É necessário aliar ao conhecimento já possuído ao desejo de conhecer, a fim de que se tenha uma visão sem desencontro de informações.
O mesmo conteúdo pertence ao mesmo tempo a diversos campos interligados, havendo muitas perguntas sem respostas satisfatórias.

Vamos sempre defender a ciência e sua aspiração legítima de investigar o grande mistério da criação. Erradicar a doença e a dor não se opõe à fé cristã.
Contudo, esse sofrimento e a morte, permanecem como perguntas carregadas de significado. As pesquisas genéticas, por sua própria natureza, entram em muitos aspectos: o legal, o médico e o teológico, devendo haver reflexões sociológicas e psicológicas.

A conquista genética foi um grande passo a frente e os avanços parecem não mais ter fim. Porém, dizer a verdade nem sempre caminha com os interesses econômicos, com fins terapêuticos via células somáticas ou desenvolvimento do embrião.
Estão presentes nessas pesquisas elementos de aplicação em seres humanos, bem como em animais ou vegetais e não pode ser responsabilidade exclusiva do cientista definir os critérios que indiquem sua legalidade.

Se, por um lado, ele é solicitado pela técnica que utiliza, não pode ficar neutro diante de experimentos que realiza - nem tudo é cientificamente e tecnicamente igual, no que se refere a legalidade.
Como acontece muitas vezes, no entanto, discursos unidos a uma boa publicidade e apoiados pelos grandes interesses econômicos, fazem esquecer os verdadeiros perigos e tendem a criar uma mentalidade sem ética.
Verificar o que há no interior de experiências genéticas deve ser objetivo de todos, nas áreas de ciência, biologia, medicina, social e política.

Há dois tipos de eugenia: "científica" e "social".
Elas serão temas da investigação de nossa conferência, especialmente a científica.
Mas qualquer um dos casos envolve um julgamento sobre os seres humanos, que parece altamente questionável.
Sem dúvida a engenharia genética abre algumas questões a este respeito.
Quem são os responsáveis ? Os cidadãos? O Estado? A medida que se aprofunda no assunto, mais dúvidas surgem.

O homem sempre será livre, consciente de si, de sua dignidade, diferente dos demais,
com o princípio fundamental de sua inviolabilidade.
Ele é devedor da sua vida e ela é concebida pelas mãos do Criador, mas o homem nunca deve querer ser Deus ou tentar substituí-lo, haja vista a falha diante da tentação, que é a própria história da humanidade.
Provavelmente a investigação científica e tecnológica será muito mais produtiva para quem for capaz de respeitar isso.
O verdadeiro desafio, portanto, é colocado na nossa capacidade de aprender, perceber e aproveitar o mistério da criação, repleto de fascinação e beleza. (JP)







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