CRISE MUNDIAL É TEMA DA AUDIÊNCIA DE BENTO XVI A GORDON BROWN

Cidade do Vaticano, 19 fev (RV) - Bento XVI recebeu nesta quinta-feira, no Vaticano, o premiê britânico, Gordon Brown.

Segundo comunicado de imprensa da Santa Sé, a audiência permitiu analisar a atual crise econômica mundial. Em especial, reiterou-se o dever de prosseguir com as iniciativas em favor dos países menos desenvolvidos e favorecer a colaboração sobre projetos de promoção humana, respeito pelo meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Fez-votos por um renovado empenho da comunidade internacional para resolver os conflitos em andamento, especialmente no Oriente Médio. Por fim, não faltou a referência a alguns temas bilaterais, de interesse, sobretudo, para a comunidade católica do Reino Unido.

Por ocasião desta audiência com Bento XVI, o jornal vaticano, L'Osservatore Romano, publicou na primeira página de sua edição de hoje um artigo do premiê Gordon Brown, sobre a crise econômica e a erradicação da pobreza.

Do Rio de Janeiro a Roma e de Lagos a Londres, escreve o premiê, "nos encontramos diante de um dos maiores desafios econômicos da nossa geração". Gordon Brown afirma que a crise financeira ameaça o emprego e as perspectivas das famílias de todos os países e de todos os continentes, mas o maior impacto é sentido pelos mais pobres em países da África e da Ásia: "A crise econômica significa fome para milhões de pessoas, menos instrução e menos serviços de saúde".

"Sei que a Igreja Católica e Sua Santidade compartilham essas preocupações" – continua o premiê. E recorda que em 2 de abril, o G20 se reunirá em Londres para discutir a resposta aos problemas globais, pois, encontrá-la, afirma, é de vital importância.

Gordon Brown repetiu a advertência feita Banco Mundial, que estima que até 2015, nos países em desenvolvimento, 2 milhões e 800 mil crianças poderão morrer antes de completar cinco anos se os efeitos da crise não forem resolvidos.

Portanto, continua o premiê, não existem razões morais mais válidas do que esta. Mas não se trata mais somente de razões morais, pois aquilo que atinge um país pode afetar os demais. "É hora de ver os países em desenvolvimento inseridos nas soluções internacionais de que necessitamos e é fundamental que essas soluções internacionais levem em consideração os países em desenvolvimento" – afirma.

Por fim, Gordon Brown cita a iniciativa promovida pelo Reino Unido, que contou com a participação da Santa Sé. Em 2006, a compra por parte do papa de um título em favor dos projetos de saúde e assistência levou à arrecadação de mais de um bilhão e 600 milhões de dólares – o que permitirá que 500 milhões de crianças sejam vacinadas até 2015. (BF)