2009-02-19 19:38:29

CARDEAL ARINZE: O MUNDO NÃO MARGINALIZE NEM EXPLORE A ÁFRICA


Cidade do Vaticano, 19 fev (RV) - O continente africano viverá, este ano, dois eventos particularmente importantes: a viagem apostólica do papa à República de Camarões e a Angola, de 17 a 23 de março; e a segunda Assembléia sinodal para a África, que terá lugar no Vaticano, de 4 a 25 de outubro, com o tema da Igreja a serviço da reconciliação, da justiça e da paz. Mas o que a Igreja propõe para a sociedade africana? Foi o que a Rádio Vaticano procurou saber do presidente delegado do Sínodo, o cardeal nigeriano Francis Arinze. Eis o que nos disse:

Cardeal Francis Arinze:- "A Igreja não tem uma receita política ou econômica, mas anuncia o Evangelho, que apela ao coração humano, o que implica amar a Deus e amar ao próximo, respeitar os direitos dos outros. A Igreja ajuda a formar as consciências."

P. O grande desafio da defesa da vida, que mantém a Igreja empenhada – sobretudo no Ocidente – está presente também na África?

Cardeal Francis Arinze:- "As ameaças contra a vida não poupam nenhum país no mundo. Por exemplo, a contracepção, o aborto, permanecem sendo um ataque contra a vida. É claro, na cultura de muitos países africanos a criança é considerada como uma bênção, não como um problema; mesmo quando se é pobre, se dá sempre as 'boas-vindas' à criança. É também verdade que a Igreja, em muitos países africanos, promoveu o ensino de métodos naturais, e isso funciona. Também entre parlamentares do continente se defende da vida, e muitos países, na África, não aprovam o aborto. Na África a eutanásia não é absolutamente levada em consideração, e se alguém a introduzir será algo que vai realmente contra toda a tradição africana, que honra os anciãos, os quais são mantidos na família mesmo quando esta é pobre."

P. O primeiro Sínodo sobre a África, em 1994, ressaltou que a Igreja africana fez uma opção preferencial pelos pobres. Concretamente, hoje, o que isso significa pastoral e socialmente?

Cardeal Francis Arinze:- "Significa ser a voz dos sem voz, significa defender os direitos humanos e afirmar que é dever de quem está no governo não defender os próprios interesses, mas servir o povo, porque ser uma autoridade significa servir. Nesse sentido, a Igreja pede também que as eleições políticas sejam sempre honestas. Nesse sentido, algumas dioceses africanas formaram leigos para que façam uma espécie de monitoramento – não oficial – das eleições: isso significa presença dos cidadãos na vida pública. Tudo isso é importante porque a Igreja não vive nas sacristias: os cristãos são cidadãos como os outros e devem estar presentes como o sal e o fermento, e atuar na sociedade."

P. Cardeal Arinze, quais são as suas esperanças, seus votos, para este ano tão importante para a Igreja na África, com a viagem do papa em março, e depois o Sínodo dos Bispos, em outubro?

Cardeal Francis Arinze:- "As minhas esperanças são um crescimento da fé no continente africano, e depois, que a África seja mais levada em consideração nos encontros dos grandes, o G-7, o G-8, o G-20, o que quer que seja; para que a África não seja marginalizada, mas que seja reconhecida como um continente importante para o mundo inteiro. É preciso dizer que algumas coisas negativas da África – como as guerras e as tensões – não são puramente eventos locais, mas fatos que mantêm envolvidos fatores internacionais com interesses precisos. No mundo de hoje – da chamada 'aldeia global' – devemos colaborar, devemos aprender a colaborar mais para a promoção dos diversos povos. E essa visita do papa, sem dúvida, vai ajudar." (RL)







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