Inicio do julgamento dos líderes sobreviventes do regime Khmer Vermelho
(17/2/2009) Três décadas depois da queda de um regime que levou à morte de 1,7 milhões
de pessoas, um responsável khmer vermelho sentou-se hoje pela primeira vez no banco
dos réus. Kaing Guek Eav, dirigia a prisão S-21, o centro de tortura do regime. Ficou
impávido a ouvir as declarações iniciais do juiz.
Não se esperava ouvir nada
da sua parte (nem qualquer testemunha, o que só acontecerá no próximo mês), mas ainda
assim, centenas de cambojanos fizeram fila para ocupar a sala do tribunal, que reservou
300 lugares para a população e jornalistas.
O tribunal, criado pelo Governo
do Camboja com a ajuda das Nações Unidas, visa julgar os líderes sobreviventes do
regime que entre 1975 e 1979 tentou levar à prática a utopia de uma sociedade onde
não havia dinheiro, escolas, ou cidades. Milhares de pessoas foram enviadas para os
campos para trabalhar, milhares morreram à fome, por doença ou por serem sumariamente
executadas.
Duch foi acusado de crimes de guerra, tortura e homicídio. Os que
escapavam ao centro que dirigia eram enviados para os “campos da morte”. O seu papel
será fundamental não só como arguido, mas também como testemunha dos julgamentos dos
restantes elementos do Khmer Vermelho nas mãos da justiça: o “irmão número dois” do
regime, Nuon Chea, o ex-Presidente Khieu Samphan, e Ieng Sary, então ministro dos
Negócios Estrangeiros, e a mulher, Ieng Thirith.