“A vida é um mistério que requer de todos e de cada um responsabilidade, amor, paciência,
caridade”: Bento XVI na celebração do Dia Mundial do Doente
(11/2/2009) “A vida do homem não é um bem disponível, mas sim um precioso tesouro
a defender e cuidar com a maior atenção possível”: sublinhou Bento XVI, esta tarde
no final da celebração eucarística da Basílica de São Pedro, com os doentes ali reunidos
nesta Jornada Mundial. O Papa começou por referir como é “sempre emocionante reviver
nesta circunstância… aquele típico clima de oração e de espiritualidade mariana que
caracteriza o Santuário de Lourdes”. “Esta Jornada convida-nos a fazer sentir aos
doentes, com mais intensidade, a proximidade espiritual da Igreja” – observou. “Este
dia oferece-nos também a oportunidade de reflectir sobre a experiência da doença,
da dor e, mais em geral, sobre o sentido da vida, a realizar plenamente mesmo quando
se sofre”. Evocando o tema deste ano da Jornada do Doente, Bento XVI lembrou as
crianças, “as mais indefesas e débeis das criaturas”.
“É verdade! Se já
ficamos sem palavras perante um adulto que sofre, que dizer quando o mal atinge um
pequenino inocente? Como advertir mesmo nessas situações tão difíceis o amor misericordioso
de Deus, que nunca abandona os seus filhos na provação?”
O Papa reconheceu
que, no plano humano, estas interrogações “inquietadoras” não encontram respostas
apropriadas, pois “o sofrimento, a doença e a morte permanecem, no seu significado,
insondáveis para a nossa mente”. É aqui que “vem em nossa ajuda a luz da fé”.
“A
Palavra de Deus revela-nos que também estes males são misteriosamente abraçados
pelo desígnio divino da salvação; a fé ajuda-nos a considerar a vida bela e digna
de ser vivida em plenitude, mesmo quando é atingida pelo mal”.
Deus não
nos abandona a nós próprios, a braços com a doença e a morte – consequências da entrada
do mal no mundo:
O Evangelho mostra Jesus que expulsa os espíritos
e cura os que estão doentes, indicando o caminho da conversão e da fé como condições
para obter a cura do corpo e do espírito.”
Com sua paixão e morte, Jesus
assumiu e transformou profundamente a nossa debilidade. Como escreveu João Paulo II,
“sofrer signifiva tornar-nos particularmente… abertos à acção das forças salvíficas
de Deus, oferecidas à humanidade”.
“Damos cada vez mais conta de que a
vida do homem não é um bem disponível, mas um precioso tesouro a defender e a cuidar
com toda a atenção possível, do momento do seu início até ao seu último e natural
completamento. A vida é um mistério que de si mesmo requer responsabilidade, amor,
paciência, caridade, da parte de todos e de cada um. Mais ainda, é preciso rodear
de desvelo e respeito quem se encontra doente e no sofrimento”.
O que nem
sempre é fácil – admitiu o Papa, Mas nós sabemos onde ir buscar coragem e paciência
para enfrentar as vicissitudes da existência, em particular as doenças e todo o tipo
de sofrimento.
“Para nós, cristãos, é em Cristo que se encontra a resposta
ao enigma do sofrimento e da morte. A participação na Santa Missa… imerge-nos no mistério
da sua morte e ressurreição… É na escola do Cristo eucarístico que nos é dado
aprender e amar sempre a vida e aceitar a nossa aparente impotência perante a doença
e a morte”.
E Bento XVI concluiu com uma referência à escolha, da parte
de João Paulo II, desta data de 11 de Fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes,
para a celebração da Jornada Mundial do Doente. Em Lourdes – recordou o Papa – Maria
“veio recordar-nos que nesta terra estamos só de passagem e que a verdadeira e definitiva
morada do homem é o Céu”.
“Que a luz que vem do Alto nos ajude a
compreender e a dar valor e sentido também à experiência de sofrer e de morrer. Peçamos
a Nossa Senhora que lance o seu olhar materno sobre cada doente e sua família, para
os ajudar a levar com Cristo o peso da cruz. A Maria, Mãe da humanidade, confiemos
os pobres, os que sofrem, os doentes do mundo inteiro, com um pensamento especial
às crianças que sofrem”.