Os resultados das eleições em Israel revelam um país profundamente dividido
(11/2/2009) Com 99 por cento dos votos contados, antevêem-se dias ou semanas de negociações
em Israel até que se perceba quem poderá ocupar a chefia do Governo: quem ganha é
o Kadima de Tzipi Livni, mas por pouco (um deputado a mais), quem se prevê que venha
a formar governo é o Likud de Benjamin Netanyahu. O Presidente de Israel encarregará
um dos líderes com a tarefa de formar governo, dentro de cerca de uma semana, quando
os resultados finais forem publicados. O escolhido terá então 42 dias para formar
governo. Normalmente o escolhido é quem tem mais votos, mas isso não é obrigatório:
é designado quem tiver mais hipóteses de ter uma coligação para governar. E esse pode
não ser o caso de Livni que já tentou formar governo quando se demitiu o primeiro-ministro,
Ehud Olmert, após um escândalo de corrupção, e não conseguiu um acordo com partidos
que lhe garantissem uma maioria nos 120 lugares do Parlamento Knesset). Segundo
a última contagem dos votos, o Kadima aparecia com 28 deputados, o Likud com 27, e
em terceiro o partido russófono Yisrael Beitenu, de Avigdor Lieberman, com 15 lugares,
ultrapassando o Partido Trabalhista que se ficou pelos 13 deputados. No total, o bloco
da direita obtinha 64 deputados, o centro-esquerda e os árabes israleitas 54. Assim,
Lieberman surge como a chave para a formação do Governo. O resultado destas eleições
em Israel revela um país profundamente dividido . O jornal britânico "The Guardian"
lembra que apenas uma vez, nos anos 1980, houve uma situação semelhante àquela que
parece estar a emergir deste resultado. Shimon Peres, do Labour, tinha vencido as
eleições mas não conseguiu formar um Governo maioritário, e assim fez um acordo de
rotação com Yitzhak Shamir, do Likud, que ocupou o ministério dos Negócios Estrangeiros,
e os dois trocaram de lugar passados dois anos. Esta hipótese está desde 2001 prevista
na Lei Básica de Israel (o país não tem uma Constituição) no caso de dois partidos
conseguirem exactamente o mesmo número de deputados no Knesset. Entre os palestinianos,
o negociador Saab Erakat, um colaborador do Presidente Mahmoud Abbas, manifestou o
temor de uma paralise do processo de paz, enquanto que Hamas afirmou que os israelitas
votaram pelos lideres mais belicosos