Charles Darwin e a teoria da evolução em debate num congresso internacional na Universidade
Pontifícia Gregoriana, de 3 a 7 de Março
(11/2/2009) Foi apresentado, esta Terça-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé, o
Congresso internacional "Evolução biológica: factos e teorias". O evento será realizado
em Roma, de 3 a 7 de Março, na Universidade Pontifícia Gregoriana. Na conferência
de imprensa estiveram presentes, entre outros, o Presidente do Conselho Pontifício
da Cultura, D. Gianfranco Ravasi, e o jesuíta e professor de Filosofia da Gregoriana
e coordenador do encontro, Padre Marc Leclerc. Na sua intervenção, o Pe. Leclerc
afirmou que nenhum universitário, católico ou não, pode permanecer indiferente a dois
eventos que se celebram este ano: o bicentenário do nascimento de Charles Darwin e
os 150 anos da sua obra "A Origem das Espécies". O sacerdote jesuíta explica que
não se trata simplesmente de homenagear o cientista inglês, mas analisar uma obra
que marcou para sempre a história da ciência e influenciou o modo de compreender a
nossa própria humanidade. "Chegou a hora de uma atenta avaliação crítica, rigorosa
e objectiva dos vários aspectos implicados”, afirmou o Pe. Leclerc Os vários aspectos
de que fala o Professor Leclerc incluem também o aspecto religioso, pois sua teoria
evolucionista entraria em oposição com a visão bíblica da criação do homem. A
esse propósito, D. Gianfranco Ravasi esclareceu que a Bíblia e as teorias evolucionistas
não são, a priori, incompatíveis. Marc Leclerc explicou que o problema
teve início quando a teoria da evolução se tornou evolucionismo. Ou seja, a teoria
científica transformou-se progressivamente num sistema filosófico, ideológico que
interpretava toda a realidade humana, indo além do seu âmbito específico. O mesmo
problema se verificou com a teoria da criação que se encontra no livro do Génesis,
que se tornou criacionismo, ou seja, um sistema de pensamento também científico. "Na
realidade, o autor do Génesis não tinha a intenção de dar respostas científicas, mas
de responder a uma questão teológica com os instrumentos do seu tempo", esclareceu.
Este congresso, portanto, não pretende celebrar Darwin nem estudá-lo especificamente,
mas estudar de perto os vários aspectos da Teoria da Evolução, para acompanhar o debate
científico, filosófico e teológico que suscita. Durante cinco dias, o Congresso
será dividido em nove sessões, para abarcar todas as disciplinas implicadas na Teoria,
como a paleontologia, a biologia molecular, os mecanismos da evolução, a antropologia,
a filosofia e a teologia.