Cidade do Vaticano, 10 fev (RV) - Foi apresentado, esta manhã, na Sala de Imprensa
da Santa Sé, o Congresso internacional "Evolução biológica: fatos e teorias". O evento
será realizado em Roma, de 3 a 7 de março, na Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG).
Na
coletiva de imprensa, estavam presentes, entre outros, o Presidente do Pontifício
Conselho da Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, e o jesuíta e professor de Filosofia da
PUG e coordenador do encontro, Padre Marc Leclerc.
Em sua intervenção, o Pe.
Leclerc afirmou que nenhum universitário, católico ou não, pode permanecer indiferente
a dois eventos que se celebram este ano: o bicentenário do nascimento de Charles Darwin
e os 150 anos da sua obra "A Origem das Espécies".
O sacerdote jesuíta explica
que não se trata simplesmente de homenagear o cientista inglês, mas analisar uma obra
que marcou para sempre a história da ciência e influenciou o modo de compreender a
nossa própria humanidade. "Chegou a hora de uma atenta avaliação crítica, rigorosa
e objetiva dos vários aspectos implicados" – afirmou o Pe. Leclerc
Esses vários
aspectos de que fala o Professor Leclerc incluem também o aspecto religioso, pois
sua teoria evolucionista entraria em contraposição – falsa – com a visão bíblica da
criação do homem.
A propósito, Dom Gianfranco Ravasi esclareceu que a Bíblia
e as teorias evolucionistas não são, a priori, incompatíveis.
Ele explicou
que o problema teve início quando a teoria da evolução se tornou evolucionismo. Ou
seja, a teoria científica se transformou progressivamente em um sistema filosófico,
ideológico que interpretava toda a realidade humana, indo além do seu âmbito específico.
O mesmo problema se verificou com a teoria da criação qie se encontra no livro
do Gênesis, que se tornou criacionismo, ou seja, acabou se tornando um sistema de
pensamento também científico. "Na realidade, o autor do Genesis não tinha intenção
de dar respostas científicas, mas responder a um quesito teológico com os instrumentos
do seu tempo" – esclareceu.
Este congresso, portanto, não pretende celebrar
Darwin nem estudá-lo especificamente, mas, ao invés, estudar de perto os vários aspectos
da Teoria da Evolução, para acompanhar o debate científico, filosófico e teológico
que suscita.
Durante cinco dias, o Congresso será dividido em nove sessões,
para abarcar todas as disciplinas implicadas na Teoria, como a paleontologia, a biologia
molecular, os mecanismos da evolução, a antropologia, a filosofia e a teologia. (BF)