DOM WILLIAMSON NÃO SE RETRATA DE SUAS AFIRMAÇÕES NEGACIONISTAS
Berlim, 07 fev (RV) – O bispo ultraconservador, Dom Richard Williamson, declarou
que, no momento, em que pese a exortação do papa, para que retrate as afirmações que
fez, negando a existência do holocausto, não pretende fazê-lo. As afirmações do bispo
provocaram uma acirrada polêmica em todo o mundo, pois foram divulgadas logo após
ter sido revogada a excomunhão que gravava sobre ele e outros três bispos lefèbvrianos,
pertencentes à Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Em declarações à revista
alemã "Der Spiegel", em sua edição que estará nas bancas na próxima semana, Dom Williamson
afirma que, antes de se retratar, pretende rever as provas históricas do holocausto.
"Se encontrarei provas de que estava errado, me retratarei, mas isso levará tempo"
– justificou-se.
Por outro lado, Dom Williamson reiterou sua rejeição ao Concílio
Vaticano II, argumentando que os textos conciliares são "ambíguos". "Tais textos estão
na origem do caos teológico hoje existente" – frisou o bispo. Como se não bastasse,
o prelado mostrou-se crítico em relação à idéia da validade universal dos direitos
humanos. "Onde os direitos humanos são vistos como algo objetivo que o Estado deve
impor – argumentou ele – se chega sempre a uma política anticristã" – asseverou.
Nas
semanas passadas, Bento XVI revogou a excomunhão que gravava sobre Dom Richard Williamson
e outros três bispos ultraconservadores, todos seguidores do arcebispo cismático Dom
Marcel Lefèbvre, que foi quem lhes deu a ordenação episcopal, sem mandato pontifício.
Dias antes da revogação da excomunhão, Dom Williamson disse, numa entrevista a um
canal televisivo sueco, que as câmaras de gás nunca existiram nos campos de extermínio
nazistas e que o holocausto nunca aconteceu. No máximo – concedeu – "morreram de 200
mil a 300 mil judeus".
Suas declarações provocaram enorme celeuma em todo o
mundo, particularmente depois que veio a público a decisão do papa, de revogar a sentença
de excomunhão. A Santa Sé exige – para aperfeiçoar a revogação da excomunhão e a total
reintegração dos bispos no seio da Igreja – que eles acatem as decisões do Vaticano
II e, em relação a Dom Williamson, que ele se retrate.
Na Alemanha, o "negacionismo"
(negar a existência do holocausto) é considerado um delito e a Procuradoria de Regensburg
abriu um inquérito contra o bispo.
Os principais críticos da reabilitação
dos lefèbvrianos, entre eles o teólogo Hans Küng, afirmam que a negação do holocausto
por parte de Williamson é apenas "um sintoma da mentalidade antissemita que predomina
entre os ultraconservadores". (AF)