CARD. BERTONE: "DIREITOS HUMANOS, CADA VEZ MENOS UNIVERSAIS"
Madri, 05 fev (RV) - Conclui-se hoje a visita do secretário de Estado, Card.
Tarcisio Bertone, à Espanha.
O Card. Tarcisio Bertone realizou hoje em Madri,
na sede da Conferência Episcopal Espanhola, uma conferência sobre "Os direitos humanos
no magistério de Bento XVI", nos 60 anos da "Declaração Universal", aprovada pela
ONU em 10 de dezembro de 1948.
O Card. Bertone destacou que "os direitos humanos
nascem da cultura européia ocidental, de matriz cristã. Portanto, não se trata de
uma casualidade. Esses direitos se baseiam na convicção, herdada do judaísmo, de que
o ser humano é imagem de Deus".
Todavia, hoje, passados 60 anos, segundo o
cardeal se assiste a uma nova definição radical dos direitos humanos individuais,
que, atacados por concepções relativistas, estão se transformando em direitos sempre
mais frágeis e sempre menos universais e invioláveis.
Mas – como afirma Bento
XVI – os direitos humanos, sendo o primeiro deles o direito à vida, estão inseridos
no homem enquanto tal e pertencem, portanto, a todos os seres humanos desde a concepção
até a morte natural, e não podem depender nem de decisões de uma maioria, nem das
culturas nem das condições de saúde da pessoa.
No respeito do direito de todos,
continuou o Card. Bertone, se funda a liberdade, a paz e a justiça no mundo. E se
um Estado é incapaz de garantir o respeito desses direitos para a própria população,
é necessário que esta responsabilidade seja assumida pela comunidade internacional.
O
cardeal falou ainda dos direitos da família, célula fundamental da sociedade, e dos
direitos da mulher, que ainda é discriminada por motivos religiosos, culturais e sociais.
Outro tema tratado pelo secretário Estado foi a laicidade do Estado e sua relação
com a Igreja.
Ele afirmou que não se trata de ingerência indevida quando a
Igreja assume uma posição diante de questões morais e sociais que dizem respeito à
pessoa e à sua dignidade, tentando, assim, marginalizar a presença cristã na vida
civil de um país. "A Igreja não quer privilégios, pede somente o respeito da liberdade
religiosa" – reiterou.
Por fim, o secretário de Estado lançou um apelo por
uma ação mais solidária para com todos os homens, mulheres e crianças que têm seus
direitos fundamentais negados por uma distribuição injusta dos bens da Terra.
Em
três dias de visita, o cardeal encontrou o Rei Juan Carlos, o Premiê José Luis Rodríguez
Zapatero e o presidente do Partido Popular e líder da oposição, Mariano Rajoy.