EUTANÁSIA: TEÓLOGO MUÇULMANO AFIRMA QUE A QUESTÃO É UM PROBLEMA TAMBÉM PARA O ISLAMISMO
Roma, 04 fev (RV) – Um "drama humano que deve ser afrontado com grande delicadeza",
que induz à "tristeza e à solidariedade para com quem sofre", mas que "apresenta problemas
novos a todas as religiões", em razão dos confins superados pela Medicina. Foi o que
disse o teólogo muçulmano, Adnane Mokrani, docente na Pontifícia Universidade Gregoriana,
de Roma, comentando o caso de Eluana Englaro, a jovem de 38 anos de idade, em estado
vegetativo há 17 anos, a quem a magistratura italiana permitiu que fossem desligados
os aparelhos que lhe fornecem o líquido e a alimentação necessários a mantê-la em
vida.
"O debate sobre a eutanásia é amplo também entre os islâmicos – explicou
o teólogo muçulmano – e podemos distinguir dois níveis de morte. Sobre a morte cerebral,
há um consenso geral no julgá-la uma morte clínica, e no pensar que devam ser os médicos
e familiares a decidir se manter ou não o doente ligado aos aparelhos que o mantêm
vivo."
Diversas, ao invés, são as opiniões, quando se trata de "coma irreversível
ou de uma doença incurável". "Alguns distinguem ainda, entre eutanásia ativa e passiva,
rejeitando a possibilidade de fornecer ao doente, substâncias letais, mas prevendo
a possibilidade de desligar a aparelhagem que o mantém vivo" – acrescentou ele.
"Yusuf
al-Qaradawi por exemplo – prosseguiu Adnane Mokrani, referindo-se ao religioso egípcio,
titular de um popular programa na rede televisiva "Al Jazeera" e famoso por suas "fatwas"
(sentenças religiosas) publicadas no site "Islam-online – pronunciou-se, cerca de
cinco anos atrás, afirmando que os doentes e seus familiares podem optar, seguindo
os conselhos dos médicos. Outros, entretanto, dizem que não se pode fazê-lo, porque
não se pode excluir um milagre!"
"A vida é um valor absoluto para o Islamismo
– concluiu o professor da Gregoriana – e ocupa o segundo lugar, após a religião, entre
as finalidades da xariá (a lei islâmica), mas em determinados casos, pode ser até
mesmo mais importante. (AF)