Madri, 03 fev (RV) - É preciso ler a Bíblia com um autêntico espírito de fé
e de oração: este o convite feito pelo Secretário emérito da Pontifícia Comissão Bíblica,
Cardeal Albert Vanhoye, através das páginas da revista católica espanhola “Ecclesia”.
Em uma longa entrevista, o purpurado reafirma que a “Bíblia é um texto que exprime
a fé. Para acolhê-lo de modo sério e profundo, é essencial aproximar-se com uma atitude
de fé. Por sua vez, existe a convicção de que a Bíblia seja ao mesmo tempo um livro
histórico, não uma palavra puramente teórica, pois se trata de uma revelação através
de fatos e eventos”.
O Cardeal Vanhoye reafirma ainda o princípio segundo o
qual a “Sagrada Escritura é essencial para conhecer Cristo, para segui-Lo, para buscar
todas as dimensões de seu mistério, para compreender a estreita relação entre pesquisa
exegética e aprofundamento da fé e da vida espiritual”.
Quanto à influência
da Palavra de Deus na vida espiritual dos católicos, o Secretário emérito da Pontifícia
Comissão Bíblica sublinha a falta de duas coisas: “de um lado, os meios, os instrumentos
materiais que ajudem os fiéis a acolher a Bíblia, do melhor modo possível”. Do outro,
a meditação dos fiéis sobre o texto bíblico”; porque, “como afirmou várias vezes Bento
XVI, a “Lectio Divina” pode ser uma remédio apto a essa finalidade”.
Trata-se,
de fato, continua o cardeal, de uma metodologia que “tem o grande mérito de colocar
a atenção, antes de tudo, no texto bíblico, considerado por si só, no seu significado
preciso. A “Lectio Divina” parte da leitura atenta da Escritura”.
Enfim, respondendo
a uma pergunta sobre como evitar que a Bíblia se transforme em mero objeto de estudo
por parte dos biblistas contemporâneos, separada da vida espiritual, o Cardeal Vanhoye
recorda que “os exegetas não devem somente se contentar de estudar os textos. Devem
meditá-los em um contexto de busca do Senhor e de comunhão com Ele, permanecendo sempre
conscientes do fato que somente Cristo doa toda a riqueza da vida inspirada, somente
Ele abre plenamente as nossas mentes à compreensão da Escritura”.
O remédio
mais eficaz, concluiu o purpurado, será “a oração, entendida como meditação que busca
a união com o Senhor, a acolhida da sua luz e do seu amor. Somente isso poderá preservar
do perigo de um comportamento racionalista e estéril, que se tornará um obstáculo
para a vida dos fiéis”. (SP)