PAPA AOS BISPOS DA TURQUIA: A LAICIDADE É UM VALOR, MAS CABE AO ESTADO ASSEGURAR A
LIBERDADE RELIGIOSA DOS CIDADÃOS
Cidade do Vaticano, 02 fev (RV) - Bento XVI recebeu em audiência esta manhã,
no Vaticano, um grupo de bispos da Turquia, por ocasião de sua visita 'ad Limina'.
A
distinção entre esfera civil e religiosa deve ser protegida, mas o Estado deve, ao
mesmo tempo, garantir a liberdade religiosa. Foi o que disse o papa no discurso aos
prelados turcos. O pontífice, que recordou a sua viagem à Turquia em 2006, convidou
cristãos e muçulmanos a trabalharem juntos pela paz e a justiça. A saudação ao Santo
Padre foi feita pelo presidente da Conferência Episcopal Turca, Dom Luigi Padovese.
Os
cristãos e os muçulmanos se comprometam a trabalhar juntos, em favor do homem, pela
vida, pela paz e a justiça: exortou o Santo Padre. O papa recordou que a Turquia tem
uma Constituição que defende a laicidade do Estado, embora a maioria parte de seus
habitantes seja muçulmana:
"A distinção entre a esfera civil e a esfera religiosa
– observou o pontífice – é certamente um valor que deve ser protegido." Todavia –
observou – o Estado deve "assegurar de modo eficaz, aos cidadãos e às comunidades
religiosas, a liberdade de culto", tornando inaceitável toda e qualquer violência
contra os fiéis" de qualquer credo.
Nesse contexto, o pontífice ressaltou a
vontade de diálogo dos prelados com as autoridades turcas, em particular, a fim de
um "reconhecimento jurídico" da Igreja Católica e de seus bens:
"Tal reconhecimento
só pode ter conseqüências positivas para todos" – afirmou. E fez votos de que sejam
estabelecidos os "contatos permanentes", por exemplo, mediante a intermediação de
uma Comissão bilateral para estudar as questões que ainda não foram resolvidas.
Bento
XVI deteve-se, ainda, sobre o Ano Paulino, que tem uma importância particular na terra
onde o Apóstolo dos Gentios nasceu e fundou numerosas comunidades – disse.
"Tenho
grande satisfação pela dimensão ecumênica" assumida pelos prelados no âmbito das iniciativas
na Turquia para o Ano Paulino, disse o papa, fazendo votos de que possam registrar-se
novos progressos no caminho rumo à unidade dos cristãos.
Por outro lado, fez
votos de que, na Turquia, seja cada vez mais facilitado, aos peregrinos, o acesso
aos numerosos lugares significativos para a fé cristã.
"A existência de suas
Igrejas locais, em toda a sua diversidade" – foi a sua reflexão – se situa no prolongamento
de "uma rica história caracterizada pelo desenvolvimento das primeiras comunidades
cristãs".
O Santo Padre deteve-se sobre os muitos discípulos de Cristo que
testemunharam o Evangelho na Turquia, até a entrega suprema da vida, como Pe. Andrea
Santoro. Que o corajoso testemunho sirva de encorajamento a testemunhar o amor de
Deus por todos os homens – exortou:
"O povo de Deus encontrará uma ajuda eficaz
para a sua fé e a sua esperança na autêntica comunhão eclesial – disse ainda. Em seguida,
ressaltou que justamente os bispos são os primeiros responsáveis pela realização concreta
dessa unidade. Essa unidade – prosseguiu – encontra uma fonte vital na Palavra de
Deus, como o Sínodo reiterou recentemente.
Bento XVI recordou que um momento
significativo da assembléia sinodal foi o pronunciamento do patriarca ecumênico de
Constantinopla, Bartolomeu I.
Por fim, o papa exortou sacerdotes e religiosos
a se inserirem sempre melhor nas realidades locais. E ressaltou a importância da pastoral
da juventude e da formação dos leigos.