2009-01-31 18:26:36

PAPA: PARA SAIR DA CRISE ECONÔMICA É NECESSÁRIO MUDAR RELAÇÕES ENTRE MERCADO E TRABALHO


Cidade do Vaticano, 31 jan (RV) - Bento XVI recebeu em audiência esta manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, os dirigentes da Confederação Italiana Sindical dos Trabalhadores – CISL – (sigla em italiano); uma das maiores organizações sindicais italianas, que celebra os seus 60 anos de fundação.

Em seu discurso aos presentes, o Santo Padre falou de uma "nova síntese" entre mercado, capital e trabalho, que não esqueça a solidariedade e a dignidade de quem trabalha e recorra de modo decisivo ao acordo entre as partes sociais, superando os particularismos. Essa, segundo o pontífice, é a oportunidade que a crise econômica mundial oferece à humanidade de hoje.

Mais de um século de estudos e de magistério social por parte da Igreja oferece os instrumentos para "ler" causas e saídas de uma crise econômica mundial que, se, por um lado, cria certamente alarme, por outro, pode ser aproveitada como trampolim para repensar os atuais mecanismos financeiros. Foi a primeira reflexão que Bento XVI ofereceu aos expoentes da CISL:

"O grande desafio e oportunidade que a preocupante crise econômica do momento convida a saber colher, é de encontrar uma nova síntese entre bem comum e mercado, entre capital e trabalho."

O Santo Padre baseou a sua reflexão nos ensinamentos da Doutrina social da Igreja, os quais – recordou – desde o fim do Séc. XIX – com a célebre encíclica de Leão XIII, Rerum Novarum (1891), defenderam a "inalienável dignidade dos trabalhadores", e contribuíram para promover a visão cristã do trabalho.

Em tempos recentes, tanto a Centesimus Annus (1991), quanto a precedente Laborem Exercens (1981), de João Paulo II, desenvolveram esse magistério específico – prosseguiu o pontífice.

E a substância, afirmou Bento XVI citando a segunda das duas encíclicas do Papa Wojtyla, é que "a Igreja jamais deixou de considerar os problemas do trabalho dentro de uma questão social" que "condiciona" indivíduos e famílias e que requer que seja afrontada com a arma da solidariedade:

"Para superar a crise econômica e social que estamos vivendo, sabemos que é necessário um esforço livre e responsável por parte de todos; ou seja, é necessário superar os interesses de parte e de setor, de modo que possam afrontar juntos e unidos as dificuldades que atingem cada âmbito da sociedade, especialmente, o mundo do trabalho. Jamais como hoje se percebe uma tal urgência; as dificuldades que atingem o mundo do trabalho impelem a um efetivo e mais decidido concerto entre os múltiplos e diversos componentes da sociedade."

Ademais, o "chamado à colaboração", antigo quanto a Bíblia – observou o pontífice – adquire um sentido particular nos momentos difíceis:

"Portanto, os votos são os de que da atual crise mundial nasça a vontade comum que dê vida a uma nova cultura da solidariedade e da participação responsável, condições indispensáveis para construir, juntos, o futuro do nosso planeta."

Recordando que as mais recentes encíclicas sociais reconheceram "o papel e a importância estratégica dos sindicatos", Bento XVI concluiu dirigindo, à referida confederação sindical, a seguinte exortação:

"O mundo precisa de pessoas que se dediquem com interesse à causa do trabalho, no pleno respeito pela dignidade humana e pelo bem comum. A Igreja, que aprecia o papel fundamental dos sindicatos, se faz próxima a vocês, hoje como no passado, e está pronta a ajudá-los, a fim de que possam cumprir, da melhor forma possível, a sua tarefa na sociedade."







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