APELO EM FAVOR DA DEFESA E DA SEGURANÇA DOS MIGRANTES AFRICANOS
Genebra, 31 jan (RV) – Espancados, sequestrados, jogados no mar para serem
comidos pelos tubarões. Os migrantes irregulares, provenientes, sobretudo, da África,
sofrem todo o tipo de atrocidades, durante as chamadas "viagens da esperança", ou
seja, a travessia via mar, com destino aos países desenvolvidos.
Foi o que
revelou a International Catholic Migration Commission (ICMC), que realizou
uma monitoração em centenas das chamadas "carretas do mar" (velhos navios que atravessam
o mar com sua carga humana) que iniciaram a travessia de 16 a 23 de janeiro, a partir
dos diversos portos africanos.
O quadro que emergiu dessa monitoração é desolador.
"Muitos dos sobreviventes a essas travessias – afirma a comissão – são refugiados
que chegam da Somália ou que querem fugir das violências a que estão expostos na Etiópia,
Eritréia e Congo."
"Os homens, mulheres e crianças que confiam seus destinos
aos organizadores dessas travessias, são frequentemente espancados ou sequestrados.
Os navios que os transportam estão sempre superlotados, a tal ponto que, muitos dos
migrantes morrem sufocados" – diz ainda o relatório da ICMC. "Quando se avista
terra firme – prossegue a comissão − muitos deles são jogados no mar, que saibam ou
não nadar, e em águas infestadas de tubarões."
A ICMC sublinha, a seguir, que
os sistemas carcerários na Europa, EUA e outros países industrializados são sempre
caracterizados por excessiva superlotação, o que faz com que os imigrantes acabem
sendo colocados em celas juntamente com criminosos comuns. E isso sem qualquer distinção
de sexo ou idade: homens, mulheres e crianças são colocados nas celas junto com os
demais presos, quando não até mesmo nos banheiros, quando a superlotação chega a um
ponto incontrolável.
Por isso, a comissão católica lança um apelo aos governos,
às instituições internacionais, à sociedade civil e aos meios de comunicação, para
que respondam com urgência a essa tragédia. Um segundo convite é dirigido aos bispos
de todo o mundo, para que defendam a dignidade, as necessidades e os direitos dos
migrantes e dos refugiados, não apenas quando chegam aos países de destinação, mas
também antes e durante a viagem. (AF)