2009-01-29 16:44:49

REFUGIADOS ZIMBABUANOS "AMONTOADOS" EM IGREJA SUL-AFRICANA


Johanesburgo, 29 jan (RV) - Todos os dias, ao fim da tarde, o largo da Igreja Metodista Central, de Johanesburgo, começa a se encher de pessoas que fogem da fome, da doença e da perseguição do regime zimbabuano de Robert Mugabe.

O espetáculo − já rotineiro para os habitantes do centro de Johanesburgo – é, na verdade, a imagem mais nua e crua da tragédia humanitária em Zimbábue e em quase todo o sul da África: homens, mulheres e crianças (muitas de colo) que procuram ajuda! Ajuda que lhes é dada pelo bispo metodista, Dr. Paul Verryn.

Conhecido por sua coragem em defesa dos "mais vulneráveis da sociedade" – palavras que ele mesmo utiliza para definir os refugiados − e pela forma direta como critica o regime do presidente zimbabuano, Robert Mugabe, ele também acusa os líderes da África Austral de apoiarem e sancionarem o regime de Harare.

Com isso, o bispo sul-africano conquistou a confiança de todos os que fogem de Zimbábue, e a admiração dos líderes cívicos, religiosos e políticos da região.

Graça Machel, esposa do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, e defensora dos direitos humanos, lançou, na semana passada, com várias outras personalidades, na Igreja Metodista Central, a campanha "Salvem Zimbábue Já!"

Numerosos embaixadores da União Europeia acreditados na capital zimbabuana, uniram-se aos demais presentes, na Igreja Metodista Central de Johanesburgo, para "avaliar a situação humanitária dos refugiados e suas necessidades". Todos foram unânimes em afirmar que se sentiram "comovidos pelo peso da tragédia humana" dos zimbabuanos ali refugiados: mais de duas mil pessoas, neste momento.

Muitas dormem ao relento, em frente à igreja, outras no interior do edifício de cinco andares, espalhadas pelo chão, pelas escadarias, nos vãos e corredores.

Além disso, muitos deles estão doentes, alguns caminham com muletas, e centenas de mulheres carregam no colo ou nas costas − à maneira africana − crianças pequenas.

Todos, sem exceção, exibem marcas da longa e dolorosa viagem em direção à África do Sul − mais de mil quilômetros − repletos de perigos, animais selvagens, rios infestados de crocodilos e oportunistas que os exploram, em troca de uma entrada mais segura no país vizinho.

Na segunda-feira, logo depois de a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) ter divulgado − no comunicado final da cúpula extraordinária, realizada em Pretória − que o governo de unidade (com Mugabe na presidência) deverá ser empossado no próximo dia 11 de fevereiro em Harare, o Dr. Paul Verryn, de 56 anos, deixou bem claro o que pensa da estratégia regional para resolver a crise em Zimbábue: "Mais uma vez a SADC protegeu o ditador e sancionou o regime ditatorial de Robert Mugabe. Faço um apelo para que esse apoio seja retirado de imediato, a fim de que o povo de Zimbábue possa escolher seus representantes sem medo nem limitações" – afirmou. (AF)







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