CHIAPAS COMEMORA JUBILEU DE DOM SAMUEL RUIZ GARCIA
San Cristóbal de las Casas, 26 jan (RV) – A Diocese de San Cristóbal de las
Casas abriu ontem as celebrações pelos 50 anos de ordenação episcopal do Bispo Samuel
Ruiz Garcia, que foi o eixo dos acordos de paz entre a guerrilha e o governo mexicano
em Chiapas.
“O jubileu de ouro episcopal de nosso bispo emérito merece um
ano de comemorações, porque é justo e necessário agradecer a Deus pelo dom de sua
vida e de sua entrega generosa ao serviço deste povo” – informou o bispo titular da
diocese, Dom Felipe Arizmendi Esquivel.
As comemorações, programadas em várias
partes do país nos próximos doze meses, começaram com uma missa celebrada por Dom
Samuel Ruiz García. Estavam presentes na catedral, completamente lotada, representantes
dos 48 municípios da diocese.
Em sua homilia, o bispo recordou alguns acontecimentos
que marcaram os 40 anos em que administrou a diocese, quando descobriu e pôde ver
de perto a condição de marginalização de tantas comunidades. “Alguns momentos, que
podem hoje parecer negativos, como a revolta armada de 1994, com a conseqüente repressão
de que foram alvo as comunidades indígenas, derivaram na conscientização geral da
exigência de justiça”.
Em 1º de janeiro de 1994, o Exército Zapatista de
Libertação Nacional (EZLN) se armou e ocupou cinco prefeituras de municípios em Chiapas.
Depois de 10 dias de conflitos, que deixaram quase 200 mortos, o governo decretou
o cessar-fogo.
Mais tarde, teve início o processo de diálogo através da Comissão
Nacional de Intermediação, liderada por Dom Samuel, que levou à assinatura dos acordos
de San Andrés Larraínzar em 1996, que permitiram a reforma constitucional para atender
às necessidades indígenas.
O bispo emérito, que hoje vive em Querétaro, tem
84 anos e esteve à frente da diocese de San Cristóbal de 1960 a 2000, quando renunciou,
ao completar 75 anos.
Em 1994, foi mediador no diálogo entre o governo mexicano
e a guerrilha zapatista. Ao longo de sua vida, recebeu inúmeros reconhecimentos por
seu compromisso social com as comunidades de Chiapas, entre os quais, o Prêmio Simón
Bolívar, concedido pela UNESCO “por seu engajamento pessoal e seu papel de mediador,
contribuindo para a paz e o respeito da dignidade das minorias”.