A preocupação e actuação da Igreja a favor dos direitos humanos, do respeito pela
vida, de um autêntico desenvolvimento para todos e de promoção da paz, no discurso
do Papa ao novo Embaixador da França junto da Santa Sé
(26/1/2009) A preocupação e actuação da Igreja a favor dos direitos humanos, do respeito
pela vida, de um autêntico desenvolvimento para todos e de promoção da paz foram pontos
sublinhados pelo Santo Padre recebendo nesta segunda-feira as Cartas Credenciais do
novo Embaixador da França junto da Santa Sé.
O Papa começou por evocar a sua
viagem a Paris e a Lourdes, no ano passado, com as multidões de pessoas então reunidas
em assembleia de oração. Momentos que – observou - testemunharam “a capacidade da
fé de manter serenamente aberto o espaço de interioridade que existe no homem”, reunindo
ao mesmo tempo, “de modo fraterno e jubiloso, grandes multidões compostas de homens
e mulheres tão diversos” entre si. A viagem pastoral à França – fez ainda notar o
Papa - demonstrou também que “a comunidade católica faz parte das forças vivas” do
país.
Referindo o grande debate sobre a bioética que teve lugar em França
no ano passado, Bento XVI congratulou-se com as “sapientes conclusões, cheias de humanidade”
a que chegou a comissão parlamentar encarregada de estudar as questões relativas ao
termo da vida, propondo “reforçar os esforços para melhor acompanhar os doentes”.
Oxalá a mesma sapiência presida à próxima revisão das leis da bioética. “Os potentes
avanços científicos (sublinhou o Papa) devem ser sempre guiados pela preocupação de
servir o bem e a inalienável dignidade do homem”.
Passando à actual crise
económica e às decisões que a esse propósito o governo francês tem vindo a adoptar,
o Pontífice fez votos de que as medidas previstas tenham particularmente a peito “favorecer
a coesão social, proteger as populações mais débeis e sobretudo restituir ao maior
número possível a oportunidade de se tornarem actores de uma economia que possa de
facto gerar serviços e verdadeira riqueza”. As dificuldades actuais – sublinhou Bento
XVI – podem ser a ocasião propícia para relançar a economia em novos moldes, favoráveis
a um autêntico desenvolvimento geral:
“Estas dificuldades constituem uma
penosa fonte de inquietações e de sofrimentos para muitos, mas são também uma oportunidade
para sanear os mecanismos financeiros, para fazer progredir o funcionamento da economia
no sentido de uma maior preocupação pelo homem e para reduzir as formas antigas e
novas de pobreza”.
Sobre a intenção das autoridades francesas de criarem
“mecanismos de discussão e de representação dos cultos", o Papa sublinhou que os Bispos
católicos sempre se preocuparam em “reunir as condições para diálogo sereno e permanente
com todas as comunidades religiosas e todas as famílias de pensamento”. Trata-se de
“assegurar as bases de um diálogo intercultural e inter-religioso em que as diferentes
comunidades religiosas têm a oportunidade de mostrar que são factores de paz”.
“Reconhecendo
o valor transcendente de cada ser humano, longe de colocar os homens uns contra os
outros, (as comunidades religiosas) favorecem a conversão do coração que conduz então
a um compromisso contra a violência, o terrorismo ou a guerra, e à promoção da justiça
e da paz”.
Perante “as numerosas crises que marcam hoje em dia o cenário
internacional”, Bento XVI teve uma palavra de solicitude e de esperança:
“A
Santa Sé segue com constante preocupação as situações de conflito e os casos de violação
dos direitos humanos, convicta porém de que a comunidade internacional, na qual a
França desempenha um importante papel, pode fornecer um contributo cada vez mais justo
e eficaz a favor da paz e da concórdia entre as nações e para o desenvolvimento de
cada país”.