PAPA AOS BISPOS DO IRAQUE: FAÇAM VALER JUNTO ÀS AUTORIDADES, OS DIREITOS HUMANOS E
CIVIS DOS CRISTÃOS IRAQUIANOS
Cidade do Vaticano, 24 jan (RV) - Bento XVI lançou, na audiência concedida
esta manhã aos bispos do Iraque em visita 'ad Limina', um apelo às autoridades do
País do Golfo a fim de que defendam os direitos humanos e civis dos cristãos iraquianos.
Em
particular, o papa recordou a violência que, em várias ocasiões, ensangüentou a Igreja
iraquiana, recordando que "o sangue dos mártires constitui uma forte intercessão a
Deus". O Santo Padre recebeu, comovido, o presente oferecido pelo patriarcado caldeu:
paramentos litúrgicos pertencentes a dois membros da Igreja local, vítimas da violência
no país.
A estola de Pe. Ragheed Aziz Ganni, trucidado em Mossul no dia 3 de
junho de 2007 com três diáconos, após ter celebrado a missa. A casula do arcebispo
caldeu de Mossul, Dom Paulos Faraj Rahho, encontrado morto no dia 13 de março de 2008.
O arcebispo havia sido seqüestrado 14 dias antes.
"Este presente fala do supremo
amor deles por Cristo e pela Igreja" – disse o papa ao recebê-lo. Bento XVI manifestou
grande atenção e preocupação pela sorte das comunidades católicas do Iraque.
A
recordação daqueles aos quais definiu como "mártires" foi acompanhado de um renovado
pedido de proteção para os cristãos que vivem uma existência marcada pela violência
e por uma crescente marginalização social:
"Saúdo a coragem e a perseverança
diante das provações e das ameaças das quais são objeto, em particular no Iraque.
O testemunho que dão do Evangelho é um sinal eloqüente da vitalidade de sua fé e da
força de sua esperança. Exorto os senhores a ajudarem os fiéis a superar as dificuldades
atuais e a fazer valer a sua presença – faço apelo, em particular, às autoridades
responsáveis pelo reconhecimento de seus direitos humanos e civis – e os encorajo
a amarem a terra de seus antepassados, à qual são profundamente apegados."
Os
cristãos que vivem no Iraque, dissera pouco antes o pontífice, "são plenamente cidadãos,
com direitos e deveres de todos, sem distinção de religião. Gostaria de dar o meu
apoio aos esforços de compreensão e de boas relações que foram escolhidos como caminho
para viver na mesma terra que é sagrada para todos". Foram palavras fortes, acompanhadas
de um chamado à paz, que de há muito falta no País do Golfo:
"Peço a Deus
que homens e mulheres de paz nesta região amada coloquem as suas forças em comum para
pôr fim à violência e permitir que todos vivam na segurança e na compreensão recíproca!"
O
pontífice citou as antiqüíssimas raízes cristãs da Igreja caldéia para recordar que
em sua história ela "sempre desempenhou um papel ativo e fecundo na vida" das nações
nas quais se encontra presente. E hoje, que "ocupa um lugar importante entre os vários
componentes de seu país" – frisou o papa – a Igreja caldéia "deve continuar essa missão
a serviço de seu desenvolvimento humano e espiritual".
As indicações de Bento
XVI para alcançar esse objetivo contemplaram, tanto a promoção de "um elevado nível
cultural dos fiéis, sobretudo dos jovens, quanto uma "adequada formação nos vários
campos do conhecimento, quer religioso, quer secular".
O papa fez uma exortação
aos prelados a que cuidem da unidade episcopal no seio de sua Assembléia sinodal,
cuidem da liturgia segundo as orientações do Vaticano II, dos cristãos da diáspora,
das relações ecumênicas. O pontífice ressaltou ainda outro aspecto fundamental: a
solidariedade:
"É importante impulsionar as obras de caridade, de modo que
o maior número de fiéis esteja comprometido a servir os mais pobres. Sei que no Iraque,
apesar dos terríveis momentos que tem atravessado, se desenvolveram pequenas obras
de extraordinária caridade, que honram a Deus, a Igreja e o povo iraquiano."