O drama dos cristãos no Iraque e o perigo de ser esquecido, denunciado pelos bispos,
numa mesa redonda na Rádio Vaticano
(22/1/2009) Um sínodo especial sobre a situação dos cristãos do Médio Oriente será
pedido ao Papa pelos bispos caldeus do Iraque para sensibilizar a Igreja Católica
inteira para o drama das comunidades cristãs dos lugares do Antigo e do Novo Testamento
que correm o perigo de extinção. Os problemas são os mesmos no Iraque, no Líbano e
e na Palestina: os cristãos deixam o país explicou D. Luís Sako, arcebispo de Kirkuk,
presente em Roma com os seus irmãos no episcopado para a visita quinquenal ad limina
apostolorum e que na tarde desta quarta feira participou numa mesa redonda na sede
da Rádio Vaticano. Na manhã desta quinta feira Bento XVI recebeu já em audiência um
grupo destes bispos. Um sínodo especial como aquele sobre a Africa que se efectuará
em Roma em Outubro próximo – explicou o arcebispo de Kirkuk permitiria perceber melhor
o problema. Se não existe uma visão clara, os cristãos não permanecerão no Médio Oriente
e deixarão esta terra, um tempo abençoada e agora maldita. No centro do sínodo, acrescentou,
deveria estar a relação com as maiorias muçulmanas. Aquele dos cristãos no Iraque
permanece para o arcebispo Sako o drama no drama; uma comunidade expulsa com a força
e a intimidação ,quando não mesmo com a morte, da própria casa e obrigada a viver
na indigência em Damasco ou em Aman, graças ás ajudas das organizações humanitárias,
com a miragem de talvez um dia poderem regressar á pátria ou criar uma nova vida
nos Estados Unidos, na Austrália ou no Canadá. Uma situação que representa bem a tragedia
num país que vive na tragédia desde sempre: primeiro a ditadura, depois as guerras
e a ocupação, o terrorismo e as lutas entre as várias facções para o controlo dos
recursos e do território, num Estado que dá a impressão de precisar ainda de ser inventado.
Ao lado de Mons. Sako, presente também Mons. Basuke Georges Casmoussa, arcebispo sírio-católico
de Mosul, que há três anos foi vítima de um rapto: “Já antes da chegada dos americanos,
havia dificuldades, mas depois estas centuplicaram. Em todo o caso, o verdadeiro problema
não são os americanos, que mais cedo ou mais tarde partirão do Iraque”. No encontro
participou também Mons. Shlemon Warduni, vigário patriarcal de Bagdad que exprimiu
também a preocupação de que a comunidade internacional esqueça o drama iraquiano,
e em especial a situação dos cristãos. Sobre a retirada das tropas americanas, considera
que “a primeira coisa a fazer é restabelecer a paz e a segurança, e depois sim, podem
ir embora”. E acrescentou ainda Mons. Warduni: “A democracia não se pode impor; há
que a ensinar, requer uma educação nesse sentido”. Relativamente ao novo presidente
norte-americano, Barak Obama, o prelado exortou ao optimismo: “Sofremos tanto por
causa da anterior Administração de Washington. Agora, alguém há-de tratar das nossas
feridas”. “Levem lá o nosso petróleo, mas deixem o nosso país” – concluiu.