2009-01-21 18:38:46

BISPO PREOCUPADO PORQUE CORRUPÇÃO VENCE ESTADO DE DIREITO NA NICARÁGUA


Manágua, 21 jan (RV) – O bispo nicaraguense de Granada, Dom Bernardo Hombach, manifestou, nesta terça-feira, sua preocupação porque, na Nicarágua, na sua opinião, "a corrupção aniquila o Estado de direito". Esse comentário foi motivado pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça, de absolver, por falta de provas, o ex-presidente Arnoldo Alemán.

"A Igreja Católica, evidentemente, não é o fórum competente para condenar alguém e nem tem interesse em prender uma ou outra pessoa, mas o que preocupa a Igreja é o fato que, às vezes, parece que a corrupção consegue derrotar o Estado de direito" – sublinhou o prelado, em declarações a um canal televisivo local.

"O que preocupa a Igreja é o fato que a sociedade funcione e isso se verifica somente se o sistema do Direito está intacto" – acrescentou.

O Supremo Tribunal de Justiça da Nicarágua rejeitou, na última sexta-feira, a sentença de condenação a 20 anos de reclusão, em primeira instância, do ex-presidente Arnoldo Alemán, por corrupção, deixando-o em liberdade.

A reforma da sentença absolve totalmente Alemán, líder do Partido Liberal Constitucionalista (PLC) e presidente da Nicarágua de 1997 a 2002, processado por lavagem de dinheiro, peculato, malversação, associação ilícita, crimes eleitorais e fraude, delitos que lhe haviam acarretado em 2003, uma condenação a 20 anos de reclusão.

Dom Hombach advertiu que a ausência de justiça pode induzir a população a "fazer justiça com as próprias mãos". "Sinto no ar uma grande disponibilidade à violência – comentou o bispo – e não sei a que atribuí-la. Muita gente se ressente da falta de justiça e isso induz muitos a buscá-la com as próprias mãos; além disso, as pessoas violentas passam a crer na impunidade" – alertou.

O procurador-geral da justiça, da Nicarágua, Hernán Estrada, esclareceu que o ex-presidente Alemán foi absolvido por seis imputações, mas que ainda restam quatro processos pendentes contra ele, por fraude e associação ilícita. Estrada comentou que "se os milhares de documentos probatórios que existem contra Alemán não foram suficientes para garantir sua condenação, poderão constituir o acervo de "um museu de moral histórica" do povo nicaraguense". (AF)







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