Dia Mundial dos Migrantes, Semana da Unidade e o conflito na Faixa de Gaza nas palavras
do Papa por ocasião do Angelus dominical
Ocorrendo neste domingo o Dia Mundial dos Migrantes, foi a este tema que Bento XVI
dedicou a alocução do meio-dia, antes da recitação do Angelus. O Papa evocou também
o Encontro Mundial das Famílias, na Cidade do México, e a Semana de Oração pela unidade
dos cristãos. Bento XVI referiu-se também, “com profunda trepidação”, ao conflito
na Faixa de Gaza, convidando a “recordar ao Senhor as centenas de crianças, pessoas
idosas, mulheres, vítimas inocentes da inaudita violência, assim como os feridos e
todos os que choram pelos seus entes queridos e os que perderam os seus bens”. O Papa
encorajou todos os esforços de estabelecimento da paz, convidando a rezar por essa
intenção:
“Convido-vos a acompanhar com a oração os esforços que numerosas
pessoas de boa vontade estão a realizar para deter a tragédia. Espero vivamente que
se saiba aproveitar, com sabedoria, das hipóteses em aberto para restabelecer a trégua
e encaminhar-se para soluções pacíficas e duradouras”.
“Renovo o meu encorajamento
a todos os que, de um e de outro lado, acreditam que na Terra Santa há lugar para
todos, para que ajudem os seus a emergir das ruínas e do terror, retomando corajosamente
o fio do diálogo, na justiça e na verdade. É este o único caminho que pode efectivamente
abrir um futuro de paz para os filhos desta querida região”.
A propósito
da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no hemisfério norte se celebra
de 18 a 25 de Janeiro, o Papa convidou todos a rezar, nestes dias, mais intensamente,
para que os cristãos caminhem de modo decidido para a plena comunhão entre si. “Dirijo-me
especialmente aos católicos espalhados pelo mundo, para que – disse Bento XVI – unidos
na oração, não se cansem de actuar para superar os obstáculos que ainda impedem a
plena comunhão com todos os discípulos de Cristo”.
“O compromisso ecuménico
é ainda mais urgente hoje em dia, para dar à nossa sociedade, marcada por trágicos
conflitos e dilacerantes divisões, um sinal e um impulso para a reconciliação e a
paz”.
De entre as saudações aos diferentes grupos de fiéis presentes na Praça
de São Pedro, Bento XVI não esqueceu os representantes das comunidades migrantes católicas
que vivem em Roma. Saudando-os cordialmente como amigos e dirigindo-lhes uma exortação,
o Papa fez suas as palavras do Apóstolo Paulo:
“na Igreja vós não sois estrangeiros
nem hóspedes, mas fazeis parte da família de Deus. Tratai de inserir-vos bem na comunidade
eclesial e civil, com a riqueza da vossa fé e das vossas tradições”.
Como
dizíamos, a alocução antes das Ave Marias tinha-a dedicado o Papa precisamente à celebração,
neste domingo, do Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados. Partindo da responsabilidade
de evangelização que incube à Igreja e a cada um dos cristãos, Bento recordou o dever
de “transmitir a mensagem de amor de Jesus especialmente a quantos ainda o não conhecem
ou que se encontram em situações difíceis e dolorosas”. No caso concreto dos migrantes
– observou – a realidade que estes vivem é “sem dúvida variegada: em alguns casos,
graças a deus, é serena e bem integrada; outras vezes, infelizmente, é penosa, difícil,
se não mesmo dramática”.
“Desejaria assegurar que a comunidade cristã olha
com atenção para cada pessoa e para cada família, e pede a São Paulo a força de um
renovado impulso para favorecer, em todas as partes do mundo, a convivência pacífica
entre homens e mulheres de diferentes etnias, culturas e religiões”.
“Cada
um de nós, segundo a própria vocação (observou o Papa), está chamado a testemunhar
o Evangelho onde se encontra e vive, com uma atenção ainda maior aos irmãos e irmãs
que dos outros países, por diversos motivos, viveram até ao meio de nós, valorizando
assim o fenómeno das migrações como ocasião de encontro entre as civilizações”.
“Rezemos
e actuemos para que isto acontece de modo pacífico e construtivo, no respeito e no
diálogo, pondo de lado qualquer tentação de conflito e de abuso”.
Uma última
evocação, reservou-a o Papa aos homens do mar - marítimos e pescadores – que desde
há um certo tempo vivem uma situação de “acrescidas dificuldades, com restrições para
desembarcarem e para acolherem a bordo os capelães e enfrentando até mesmo os riscos
da pirataria e os prejuízos da pesca ilegal”. Exprimindo-lhes a sua proximidade, Bento
XVI fez votos de que, “nas actividades de socorro no mar, a sua generosidade seja
recompensada com maior consideração”.