JESUÍTAS: PROCESSO POR MASSACRE DE 1989 SE REALIZE EM EL SALVADOR
Madri, 17 jan (RV) - Os jesuítas da província espanhola de Castilla publicaram
um comunicado a respeito da possível reabertura do processo contra os autores do massacre
perpetrado na Universidade centro-americana de São Salvador, em 16 de novembro de
1989. Os jesuítas espanhóis declaram que, em sintonia com os superiores de El Salvador,
preferem que a justiça seja feita no próprio país onde se verificou o crime.
Na
nota, afirmam não concordar com a abertura do caso na Espanha, mas ressalvam: “Se
as famílias das vítimas (cinco eram espanholas) quiserem iniciar o processo no tribunal
de Madri, consideramos seu direito legítimo, e as ajudaremos, se necessário”.
No
atentado à Universidade de São Salvador foram assassinados seis jesuítas, uma doméstica
e sua filha de 15 anos. Em 1991, nove militares foram processados pelo massacre. Apenas
dois foram condenados a 30 anos de cárcere; mas com o fim da guerra civil e a anistia
proclamada em 1993 pela Aliança Republicana Nacionalista (Arena), que ainda hoje governa
o país, o caso foi arquivado.
El Salvador, importantes organizações de defesa
de direitos humanos e vários países criticaram fortemente o modo como o processo foi
celebrado. Em 2000, os jesuítas pediram oficialmente a reabertura do processo, responsabilizando
também outras pessoas, como o ex-presidente Alfredo Cristiani e altos expoentes do
exército de El Salvador. Mas a justiça salvadorenha negou o pedido. Enfim, em 2006,
os jesuítas fizeram apelo à Comissão Interamericana dos direitos humanos da Organização
dos Estados Americanos, OEA, e ainda aguardam a veredicto. A última proposta de reabertura,
apresentada em 13 de novembro passado, por duas organizações de tutela de direitos
humanos, foi acolhida pelo tribunal de Madri em 13 de janeiro. Neste processo, são
acusados 14 militares do exército de El Salvador.