BISPOS BOLIVIANOS ANALISAM ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA NOVA CONSTITUIÇÃO
La Paz, 16 jan (RV) - A Conferência Episcopal da Bolívia divulgou, nesta sexta-feira,
uma Carta Pastoral dedicada a analisar os dez aspectos positivos e os dez aspectos
negativos da nova Constituição do país, que será submetida a referendo, no próximo
dia 25.
Entre os aspectos que mais preocupam os bispos, está o fato que a nova
Carta Magna não reconheça "a profundidade religiosa do povo boliviano que, em sua
maioria, professa a fé cristã", e que ignore "o relevo histórico, cultural e social
da Igreja Católica" no país.
O projeto assinala em seu artigo 4º, que "o Estado
é independente da religião", o que constitui uma novidade em relação às precedentes
constituições bolivianas, que declaravam o catolicismo como religião oficial.
Outro
ponto que preocupa os prelados é a "ampla margem de discricionariedade" que a nova
Constituição garante ao Estado, no que tange à aplicação retroativa de sanções penais
para delitos como "traição da pátria". O Episcopado acredita que considerar "traição
da pátria" o fato que alguém viole o "regime constitucional de recursos naturais"
ou "atente contra a unidade do país" poderia levar a "uma perseguição política em
franca violação dos direitos humanos fundamentais".
A Conferência Episcopal
adverte sobre outras questões como o não reconhecimento do direito à vida desde a
concepção, o que "poderia abrir caminho para a legalização do aborto" – argumenta
– e a ambiguidade dos direitos sexuais e reprodutivos que, no parecer dos bispos,
"coloca em risco a integridade da família".
Quanto aos aspectos positivos enunciados
na nova Constituição, os bispos bolivianos ressaltam o reconhecimento dos povos indígenas
e dos setores historicamente marginalizados, assim como a "carta dos direitos individuais
e coletivos", que pressupõe "um progresso significativo na ampliação do Estado Social
de Direito".
No início de sua Carta Pastoral, intitulada "Chamados a exerce
um voto consciente, livre e responsável", os bispos bolivianos manifestam sua indignação,
pela "instrumentalização do nome de Deus e da religião na propaganda para a realização
do referendo, venha ela de onde vier" – sublinham. (AF)