ABERTO INQUÉRITO ESPANHOL SOBRE MASSACRE DE 1989 EM EL SALVADOR
Madri, 15 jan (RV) - A magistratura espanhola anunciou a abertura de um inquérito
contra 14 militares – entre os quais o ex-ministro da Defesa, Humberto Larios e o
ex-chefe das Forças Armadas, General René Emilio Ponce – pelo assassinato de seis
sacerdotes jesuítas, uma colaboradora e sua filha adolescente, na Universidade Centro-americana
(Uca) de El Salvador, em 1989.
O juiz da ‘Audiência Nacional’ de Madri, Eloy
Velasco, acolheu duas denúncias apresentadas em novembro pela ‘Associação Pró Direitos
Humanos’ espanhola e pelo ‘Center for Justice & Accountability’ (Cja) de São Francisco,
contra os militares e o ex-presidente Alfredo Cristiani, que governou o país de 1989
a 1994. Ele é acusado de ocultar informações e proteger os autores do crime, mas por
enquanto, não será envolvido no inquérito.
Na madrugada de 1989, em plena guerra
civil (1980-1992), soldados do batalhão ‘Atlacatl’ – unidade treinada nos EUA para
a luta anti-guerrilha – invadiram a Universidade e mataram a sangue frio o reitor,
pe. Ignacio Ellacuría, colaborador de dom Oscar Arnulfo Romero, seu vice, e outros
quatro jesuítas (cinco deles eram espanhóis), além de uma doméstica e sua filha de
15 anos.
Em 1991, nove soldados foram processados pelo massacre. Apenas dois
foram condenados a 30 anos de cárcere; mas com o fim da guerra civil e a anistia proclamada
em 1993 pela Aliança Republicana Nacionalista (Arena), que ainda hoje governa o país,
o caso foi arquivado.