2009-01-13 13:06:43

Uma vida ao serviço da Santa Sé e da construção da paz e concórdia entre os povos: Bento XVI nas exéquias do cardeal Pio Laghi


(13/1/2009) “De novo ofereço a Deus a minha vida, pela Igreja, pelo Santo Padre e pela santificação dos meus irmãos no sacerdócio. Desde já aceito a morte que a Divina Providência me reservou: apenas peço que os dias da minha vida sejam, se possível, abreviados, até para não dar incómodo demais a quem devesse assistir-me”. Palavras do cardeal Pio Laghi, no testamento espiritual escrito há menos de dois meses da sua morte, domingo passado, em Roma, com 86 anos. As exéquias tiveram lugar nesta terça-feira, na basílica de São Pedro, presididas pelo antigo Secretário de Estado, o cardeal Angelo Sodano, Decano do Colégio Cardinalício.
No final da celebração, Bento XVI desceu à basílica, pronunciando uma homilia evocativa do defunto e presidindo ao rito da encomendação final.

Evocando o Evangelho das bem-aventuranças, proclamadas na Missa, observou o Santo Padre: “Quantas vezes o caro cardeal Pio Laghi se deteve, certamente, a meditar estas palavras evangélicas, e quanta vezes as explicou aos fiéis! Com a sua forte carga escatológica, elas sustentam a nossa esperança no Reino dos Céus, prometido a todos os que se esforçam por seguir fielmente a via do Mestre, aderindo aos seus ensinamentos”.

“Deus criou-nos para Ele e n’Ele encontramos a felicidade. Conformando-nos à sua Palavra, é-nos possível transformar em fonte de paz e em manancial de alegria até mesmo as provações e os sofrimentos que inevitavelmente fazem parte da nossa peregrinação terrena.
Peçamos ao Senhor que torne este nosso Irmão participante da bem-aventurança eterna, cujas primícias ele pôde já experimentar aqui na terra, na comunhão eclesial, na construção de elos de paz e de concórdia entre os povos e as nações, junto das quais foi enviado como Representante Pontifício”.

Passando brevemente em resenha o percurso de vida do defunto, Bento XVI começou por observar que “toda a missão sacerdotal do cardeal Pio Laghi se consumou ao serviço directo da Santa Sé”.
Ordenado padre em 1946, após o curso de Teologia realizado em Roma, como aluno do Pontifício Seminário Maior, foi desde logo chamado ao serviço da Santa Sé. Doutorado em Teologia e em Direito Canónico na Universidade Lateranense, já em 1952 iniciava “o seu longo itinerário diplomático e pastoral” nas Nunciaturas de diversas Nações: da Nicarágua a Washington, nos Estados Unidos da América, a Delhi, na Índia, regressando seguidamente, por cinco anos, à Secretaria de Estado. Eleito arcebispo em 1969, o Papa designou-o seu Delegado em Jerusalém e na Palestina, com o cargo também de pró-Núncio em Chipre e Visitador Apostólico para a Grécia. Em 1974 tornou-se Núncio Apostólico na Argentina, onde permaneceu até 1980, quando foi chamado a assumir a missão de Delegado Apostólico nos Estados Unidos. Foi precisamente nesses anos que se estabeleceram relações oficiais entre a Santa Sé e o Governo de Washington.
A longa experiência e conhecimento da Igreja, até então acumuladas, levaram João Paulo II a escolhê-lo, em 1990, para Prefeito da Congregação para a Doutrina Católica, criando-o cardeal no ano seguinte.

Bento XVI recordou também “com gratidão” algumas missões especiais confiadas pelo Papa ao purpurado defunto: em Maio de 2001, junto de Israel e da Autoridade Palestiniana, para entregar uma sua mensagem autografa, encorajando as partes a um imediato cessar-fogo e a retomarem o diálogo; dois anos depois, em Março de 2003, deslocou-se a Washington como enviado especial de João Paulo II para ilustrar as posições pontifícias e as iniciativas empreendidas pela Santa Sé para contribuir para o desarmamento e para a paz no Médio Oriente.

“Missões delicadas que ele procurou realizar, como sempre, com fiel dedicação a Cristo e à sua Igreja. Desejei amar a Cristo – escreve no seu testamento espiritual – e servi-lo toda a minha vida, embora muitas vezes a minha fragilidade humana me tenha impedido de manifestar-lhe de modo sempre edificante, como teria desejado, o meu amor, fidelidade e plena dedicação aos seus desígnios.
Demos graças a Deus pelo dom deste nosso Irmão e amigo, e por todo o bem que ele, com a ajuda da graça divina, pôde realizar nos vários âmbitos em que foi chamado a desenvolver a sua preciosa actividade pastoral e diplomática”.
 







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