CAMPANHA DA CNBB ATACA PRÁTICA DO "ROUBA, MAS FAZ"
Brasília, 12 jan (RV) - A indiferença em relação à corrupção na política, manifestada
em enunciados do tipo "fulano rouba, mas faz" ou "tudo acaba em pizza", será alvo
da Campanha da Fraternidade-2009, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Realizada
desde 1964 pela CNBB, na Quaresma, a campanha deste ano terá como tema a segurança
pública, mas também abordará assuntos de ética na política.
As discussões
nas reuniões e celebrações da campanha, que se realizam em igrejas, escolas e casas,
poderão impulsionar um movimento de coleta de assinaturas, para criar uma lei voltada
a barrar candidaturas de políticos com ficha penal suja.
A CNBB é uma das
coordenadoras de um grupo de entidades, que busca obter 1,5 milhão de assinaturas,
com o objetivo de apresentar um projeto de lei ao Congresso contra a participação
dos "fichas sujas" nas eleições. Cerca de 700 mil pessoas já subscreverem esse projeto
de lei, segundo a CNBB.
De acordo com o texto-base da CF-2009, um dos objetivos
é "denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas,
assim como a injustiça presente nos institutos da prisão especial, do foro privilegiado
e da imunidade parlamentar para os crimes comuns".
Os crimes de corrupção e
do "colarinho branco" não são violentos em si, mas geram outras formas de violência,
diz o texto-base da campanha.
O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Dimas
Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB, disse que "frases como "rouba, mas faz" são
sintomas de uma mentalidade difusa no meio do povo e expressam um indiferentismo perigoso".
Ele espera que a CF deste ano possa repetir o feito da edição de 1996, que
serviu de ponto de partida para a obtenção de um milhão de assinaturas, para a criação
da lei nº 9.840, que tornou mais efetivas as punições em casos de compra de votos.
(AF)