Israel e Hamas regeitam resolução a pedir cessar-fogo imediato em Gaza: prosseguem
os combates
(9/1/2009) Israel e o Hamas rejeitaram esta sexta-feira o apelo para um cessar-fogo
adoptado quinta-feira à noite pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas por não
satisfazer as suas respectivas necessidades de segurança e liberdade de movimento. "Israel
actuou, actua e continuará a actuar de acordo com as suas necessidades, a segurança
dos seus cidadãos e o seu direito à legítima defesa", disse a vice-primeira ministra
e titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, Tzipi Livni, num comentário à resolução. Com
a única abstenção dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança adoptou uma resolução
que exorta a um cessar-fogo imediato em Gaza, à retirada das tropas israelitas e à
entrada sem entraves de ajuda humanitária ao território palestiniano. Para Israel,
trata-se de uma resolução que legitima o movimento islamita Hamas e que o equipara
ao nível de Estado, consideraram porta-vozes oficiais. Por seu lado, o movimento
islamita rejeitou o documento elaborado pelo Reino Unido, em colaboração com a França
e os países árabes, por considerar que não teve em conta o Hamas, se bem que o considere
uma prova do fracasso da ofensiva militar de Israel em Gaza. "Este fracasso é que
gerou a resolução, embora ninguém nos tenha representado", considerou em Beirute o
dirigente islamita Osama Hamdam em declarações a um órgão de informação local. Na
sua perspectiva, a resolução do Conselho de Segurança "não teve em conta o interesse
palestiniano e não fala nem no levantamento do bloqueio, nem da abertura dos postos
fronteiriços" em Gaza. A actual escalada de violência na região entrou hoje no
14/0 dia sem que a diplomacia internacional tenha conseguido ainda uma resolução que
convença as partes a depor as armas. Os combates continuaram, esta sexta-feira,
na Faixa de Gaza. Antes do raiar do dia, o exército israelita tinha ainda entrado
numa localidade perto de Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, onde cerca de meia
centena de casas foi destruída por obuses israelitas, acrescentaram fontes palestinas. Por
seu lado, o exército israelita confirmou que foram atirados para o sul de Israel 14
rockets do tipo Grad, que atingiram a zona de Berseba, a 40 quilómetros da fronteira
com a Faixa de Gaza, bem como a região de Asdode. Entretanto, a ONU indicou que
o exército israelita matou 30 civis que faziam parte de um grupo de 110 palestinos
que tinham sido colocados dentro de uma casa por soldados hebreus a 4 de Janeiro,
disseram várias testemunhas. Segundo a coordenação humanitária da ONU, este foi
«um dos incidentes mais graves desde o início das operações israelitas contra a Faixa
de Gaza, a 27 de Dezembro, tendo os sobreviventes tido que percorrer dois quilómetros
para serem transportados para o hospital. Pelos menos 763 palestinianos morreram
e 3.120 ficaram feridos desde que Israel iniciou a operação militar a 27 de Dezembro,
após o final da trégua em vigor até dia 19. Quinze israelitas perderam também a
vida nas hostilidades e dezenas ficaram feridos.