Cidade do Vaticano, 08 jan (RV) – Nesta quinta-feira, Bento XVI realizou um
dos encontros mais aguardados do ano: a audiência ao corpo diplomático acreditado
junto à Santa Sé, que teve lugar na Sala Regia, no Vaticano.
No seu discurso,
o papa analisou os acontecimentos internacionais à luz do mistério da esperança do
Natal, pedindo a Deus "o dom de um ano que seja fecundo de justiça, de serenidade
e de paz" a todos.
O papa citou os países que foram vítimas de catástrofes
naturais, como Vietnã, Myanmar, China, Filipinas, alguns países da América Central
e Caribe, Colômbia e Brasil, e países vítimas de conflitos nacionais, regionais e
de atos de terrorismo, como Afeganistão, Índia, Paquistão e Argélia. "Apesar de muitos
esforços, a paz tão almejada ainda está distante", disse. Para construir a paz, disse,
é preciso dar esperança aos pobres e às pessoas atingidas pela atual crise econômica
e pela crise alimentar, e pelos efeitos do aquecimento global.
Bento XVI condenou
a despesa militar, que subtrai enormes recursos humanos e materiais para os projetos
de desenvolvimento, minando os processos de paz.
"Hoje, mais do que no passado,
o nosso futuro está em jogo, assim como o próprio destino do nosso planeta e dos seus
habitantes", afirmou o pontífice, acrescentando que é preciso investir, sobretudo,
nos jovens, educando-os a um ideal de verdadeira fraternidade, na consciência de que
existe um Pai comum de todos os homens, o Deus Criador.
Analisando a situação
no Oriente Médio, Bento XVI recordou que violência provoca danos e imensos sofrimentos
às populações civis e reafirmou que a opção militar não é uma solução e que a violência,
de onde vier, deve ser firmemente condenada.
Para o papa, é preciso promover
o diálogo entre Israel e Síria e, para o Líbano, apoiar a consolidação das instituições.
Aos iraquianos, Bento XVI dirigiu um encorajamento a construir o futuro sem discriminações
de raça, de etnia ou de religião. Para o Irã, pediu uma solução negociada para o programa
nuclear, de modo a satisfazer as legítimas exigências do país e da comunidade internacional.
Na
Ásia, o papa fez votos de paz para Mindanao, nas Filipinas, para Sri Lanka e para
melhores relações entre China e Taiwan.
Passando para a África, que visitará
este ano, o papa pediu uma atenção especial à infância. E citou o drama dos refugiados
na Somália e em Darfur, na República Democrática do Congo. Ele pediu ainda uma solução
para a crise em Zimbábue e em Burundi.
Sobre a América Latina, Bento XVI falou
a favor dos emigrantes, para que possam se reunificar com suas famílias. E citou o
Brasil, em especial o Acordo entre Santa Sé e o Estado brasileiro, para que facilite
o livre exercício da missão evangelizadora da Igreja e reforce ainda mais a colaboração
com as instituições civis para o desenvolvimento integral da pessoa.
O pontífice
saudou ainda as comunidades cristãs na Turquia e pediu soluções pacíficas para a crise
em Chipre, no Cáucaso, em especial na Geórgia, e entre as populações da Sérvia e de
Kosovo, no respeito das minorias.
Por fim, Bento XVI dirigiu seu pensamento
aos pobres e afirmou: "A pobreza se combate se a humanidade se tornar mais fraterna,
através de valores e ideais compartilhados, fundados na dignidade da pessoa, na liberdade
unida à responsabilidade e no reconhecimento efetivo do lugar de Deus na vida do homem".
(BF)