BISPOS AMERICANOS PEDEM URGÊNCIA NA REFORMA MIGRATÓRIA
Washington, 07 jan (RV) - Está na reta final a campanha nacional promovida
pela Conferência dos Bispos Católicos dos EUA para sensibilizar a opinião pública
e a classe política sobre a urgência de reformar drasticamente o sistema migratório
e criar desimpedimentos legais à presença ilegal no país de pelo menos 12 milhões
de ‘indocumentados’.
A semana de iniciativas, aberta no último domingo, será
encerrada com a publicação de um documento dirigido ao presidente eleito, Barak Obama.
A ele será pedida uma iniciativa direta sobre o tema no Congresso.
Com celebrações
religiosas, encontros e conferências em quase todas as igrejas dos EUA, trabalha-se
nestes dias para aumentar a conscientização sobre a gravidade do problema e a necessidade
de encontrar soluções legais satisfatórias, sem recorrer a adiamentos que agravam
a crise.
Em meados de dezembro, os bispos norte-americanos se declararam muito
preocupados com a atual situação de milhões de imigrantes, vítimas de ‘tratamentos
desumanos e pouco dignos’, e com as deportações que dividem as famílias. As autoridades
de Washington confirmam que em 2008, mais de 350 mil residentes ilegais foram deportados,
e foram realizadas mais de 1200 blitz ‘anticlandestinos’ nas agências de emprego estatais.
“Como cristãos, é um dever evangélico cuidar deles” – diz Alexandra Fitzsimmons,
porta-voz do episcopado de Minnesota. “Não podemos virar a cara aos sofrimentos e
humilhações pelos quais essas pessoas passam” – recorda.
De acordo com uma
sondagem publicada em outubro, sua voz representa a comunidade católica. A pesquisa
do instituto ‘Zogby’ aponta que quase 70% dos católicos consideram necessário e urgente
resolver o problema, legalizando a permanência de todas as pessoas que possuem os
requisitos.
Em diversas declarações, a partir de 2002, os bispos norte-americanos
reconheceram o direito do país de regularizar os fluxos migratórios e de defender
seus confins – como é natural. Por outro lado, sempre pediram regras claras e simples
sobre as condições e requisitos para a obtenção dos vistos de permanência e trabalho.
Eles acreditam que este é o único modo de combater o tráfico humano, crescente nas
regiões confinantes com o México. Por causa deste fenômeno, anualmente morrem dezenas
de clandestinos latino-americanos, tentando atravessar o deserto para ingressar nos
EUA.
Em julho passado, realizou-se em Washington a Conferência nacional sobre
Migrações, com o tema “Renovar a esperança, buscar a justiça”, que reuniu na capital
americana 600 expoentes de serviços para migrantes e da Caritas. Em sua mensagem aos
participantes, o cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Pontifício Conselho
para os Migrantes e os Itinerantes, escreveu: “A Igreja vê os imigrantes como um sinal
da presença vital de Deus no mundo, uma chance para realizar sua identidade de comunhão
e sua vocação missionária” – recordou, convidando a enfrentar a questão a partir do
respeito pela dignidade humana.