A 6 de Janeiro, ao Angelus, Papa lança um apelo pela paz em Gaza e na RDC e a favor
das crianças no mundo
Bento XVI recordou que Jesus veio ao mundo numa grande humildade e discrição. Mesmo
assim, vieram Reis Magos do Oriente, guiados por uma estrela, para Lhe prestar homenagem.
Esta atitude dos Magos - disse o Papa – contrasta com a do Rei Heródes que ficou
perturbado e com ele toda Jerusalém. O Rei porque viu no Menino Jesus um concorrente,
enquanto que os chefes e os habitantes de Jerusalém ficaram estupefactos, como que
acordados de um certo torpor, e, necessitando, portanto de reflectir. Nesta perturbação
de Jerusalém antevê-se já – referiu o Papa – aquilo que será a posição dos sumos sacerdotes
e do sinédrio, mas também do povo perante Jesus ao longo de toda a sua vida pública:
uma atitude de hostilidade. Está-se aqui perante um dos pontos cruciais da teologia
da história – frisou Bento XVI acrescentando: “O drama do amor fiel de Deus na
pessoa de Jesus que veio para o meio dos seus e os seus não o acolheram” . Esta
atitude de hostilidade, de ambiguidade, de superficialidade - prosseguiu Bento XVI
na sua alocução - representa, em sentido espiritual, a de cada ser humano e do mundo
quando se fecha ao mistério do verdadeiro Deus que vem ao seu encontro na discrição
do seu amor. “Jesus, “rei dos Judeus” é o Deus da misericórdia e da fidelidade.
Ele quer reinar no amor e na verdade e pede-nos para nos convertermos, para abandonarmos
as obras más e a empreendermos decididamente a via do bem”. Sublinhando ainda
que Jerusalém é, neste sentido todos nós, o Papa invocou a Maria, que soube acolher
com fé o Menino Jesus, a nos ajudar a não fechar o nosso coração ao Evangelho da salvação
e a nos deixarmos conquistar e transformar pelo Deus Menino. Depois da Oração
Mariana do Angelus, Bento XVI teceu palavras de fraternidade e alegria em relação
aos irmãos e irmãs das Igrejas Orientais que celebram neste dia 7 o Santo Natal. Uma
recordação que o conduziu espiritualmente à Terra Santa e ao Médio Oriente em geral,
cuja situação de conflito continua a seguir com apreensão…. “Continuo a seguir
com viva apreensão os violentos recontros armados em curso na faixa de Gaza. Enquanto
volto a sublinhar que o ódio e a recusa do diálogo não levam senão à guerra, quero
hoje encorajar as iniciativas e os esforços de quantos, tendo a peito a paz, estão
a procurar ajudar israelitas e palestinianos a aceitar sentar-se à mesa para conversar.
Que Deus apoie o empenho destes corajosos “construtores de paz””. Recordando depois
que a Festa da Epifania é também festa das crianças, o Papa Ratzingher elevou o pensamento
a todas as crianças - riqueza e bênção do mundo - e de modo particular às que não
têm uma infância serena. E aqui chamou a atenção para as crianças e adolescentes que
nos últimos meses, inclusive no período de Natal, foram sequestradas na Província
oriental da Republica Democrática do Congo por grupos armados que atacaram aldeias
e causaram também numerosos mortos e feridos. “Lanço um apelo aos autores de tais
desumanas brutalidades, a fim de que restituam as crianças às próprias famílias e
ao próprio futuro de segurança e desenvolvimento a que têm direito assim como aquelas
caras populações”. “Manifesto ao mesmo tempo a minha aproximação espiritual às
Igrejas locais, elas também atingidas no pessoal e nas acções, e exorto os pastores
e os fieis a serem fortes e firmes na esperança” Os episódios de violência em
relação a crianças e jovens que, infelizmente se registam em várias partes do mundo
– prosseguiu o Papa, parecem ainda mais depreciáveis tendo em conta que neste ano
de 2009 ocorre o 20º aniversário da Convenção dos Direitos da Criança: um empenho
– frisou Bento XVI – que a comunidade internacional é chamada a renovar na defesa,
tutela e promoção da infância no mundo inteiro. Além disso – recordou ainda o Papa
– celebra-se neste dia 6 – festa da Epifania – o Dia da Infância Missionária, uma
ocasião para pôr em evidência o papel que as crianças podem desempenhar na difusão
do Evangelho e nas obras de solidariedade para com os seus coetâneos necessitados.
Que o Senhor as recompense – conclui o Papa antes de passar a saudar os fiéis em francês,
inglês, alemão, espanhol, polaco e italiano. Nesta última língua assinalou, entre
outros, a presença dos jovens do Movimento “Tra-Noi” ao qual estão ligados muitos
jovens imigrados, entre os quais da comunidade cabo-verdiana em Roma. Recordou também
o cortejo “Viva a Befana” que, neste dia feriado em Itália, animou toda área da praça
de São Pedro com os coloridos ranchos, bandas musicais etc.