2009-01-06 16:12:48

BENTO XVI NA MISSA DA EPIFANIA DO SENHOR: CRISTO É A ESTRELA QUE VENCE AS SOMBRAS DE CRISE E VIOLÊNCIA NO MUNDO


Cidade do Vaticano, 06 jan (RV) - Celebra-se nesta terça-feira, no Vaticano e na Itália, a Epifania do Senhor – cuja solenidade a Igreja no Brasil celebrou domingo passado.

Bento XVI presidiu esta manhã, na Basílica de São Pedro, à solene celebração, que teve a participação de milhares de fiéis, peregrinos e turistas provenientes de várias partes do mundo.

O Santo Padre iniciou a homilia da celebração ressaltando que a Epifania, a "manifestação" do nosso Senhor Jesus Cristo, é um mistério multiforme, acrescentando que a tradição latina o identifica com a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus em Belém e, portanto, "o interpreta, sobretudo, como revelação do Messias de Israel aos povos pagãos".

Bento XVI explicou que a tradição oriental, por sua vez, privilegia o momento do batismo de Jesus no rio Jordão, quando ele se manifestou como filho Unigênito do Pai celeste, consagrado pelo Espírito Santo.

O papa observou que o Evangelho segundo São João convida a considerar "epifania" também as bodas de Caná, onde Jesus, transformando a água em vinho, "manifestou a sua glória e os seus discípulos acreditaram nele" (Jo 2, 11).

Recordando que este ano 2009, no 4º centenário das primeiras observações de Galileu Galilei com o telescópio, é dedicado de modo especial à astronomia, o pontífice frisou que não podemos deixar de dar atenção particular ao símbolo da estrela, tão importante na narração evangélica sobre os Reis Magos.

"Eles, com toda probabilidade – disse o papa –, eram astrônomos. A partir do ponto deles de observação, localizado no oriente em relação à Palestina, talvez na Mesopotâmia, haviam notado o aparecimento de um novo astro, e haviam interpretado esse fenômeno celeste como anúncio do nascimento de um rei, precisamente, segundo as Sagradas Escrituras, do rei dos Judeus."

"Os Padres da Igreja viram neste singular episódio narrado por São Mateus também uma espécie de "revolução" cosmológica, causada pela entrada do Filho de Deus no mundo."

Em seguida, o Santo Padre observou que enquanto a teologia pagã divinizava os elementos e as forças do cosmo, a fé cristã, cumprindo a revelação bíblica , contempla um único Deus, Criador e Senhor de todo o universo.

O amor divino, encarnado em Cristo, é a lei fundamental e universal da criação, e isso deve ser entendido em sentido não poético, mas real, observou o papa, acrescentando que as estrelas, os planetas, todo o universo não são governados por uma força cega, não obedecem apenas às dinâmicas da matéria. "Portanto – precisou _, não são os elementos cósmicos que devem ser divinizados, mas, pelo contrário, em tudo e acima de tudo existe uma vontade pessoal, o Espírito de Deus, que em Cristo se revelou com Amor".

Se é assim, então os homens – como escreve São Paulo aos Colossenses – não são escravos dos "elementos do cosmo" (cfr Col 2, 8), mas são livres, isto é, capazes de se relacionar com a liberdade criadora de Deus.

"Há, portanto, no cristianismo, uma peculiar concepção cosmológica, que encontrou na filosofia e na teologia medievais altíssimas expressões. Essa concepção, também em nossa época, dá sinais interessantes de um novo florescimento, graças à paixão e à fé de muitos cientistas, os quais – nas pegadas de Galileu – não renunciam nem à razão nem à fé, pelo contrário, valorizam ambas plenamente, em sua recíproca fecundidade."

O pensamento cristão compara o cosmo a um "livro" – assim dizia também o próprio Galileu –, considerando-o como a obra de um Autor que se expressa mediante a "sinfonia" da criação.

"Dentro dessa sinfonia se encontra, a um certo ponto, aquilo que se diria em linguagem musical um 'solo', um tema confiado a um único instrumento ou a uma só voz; e é tão importante que dele depende o significado de toda a obra. Esse 'solo' é Jesus, comparado pelos antigos escritores cristãos como um novo sol."

Bento XVI ressaltou que no Jesus terreno se encontra o ápice da criação e da história, mas no Cristo ressuscitado se vai além: a passagem, mediante a morte, para a vida eterna antecipa o ponto da "recapitulação" de tudo em Cristo.

De fato – observou –, todas as coisas "foram criadas por meio dele e em vista dele" – escreve Paulo (Col 1, 18). E o afirma o próprio Jesus aparecendo aos discípulos após a ressurreição: "Todo poder me foi dado no céu e na terra" (Mt 28, 18).

Essa consciência – disse o papa – sustenta o caminho da Igreja, Corpo de Cristo, ao longo das trilhas da história.

"Não há sombra, por mais que tenebrosa, que possa obscurecer a luz de Cristo. Por isso nos fiéis em Cristo jamais falta a esperança, também hoje, diante da grande crise social e econômica que abala a humanidade, diante do ódio e da violência destruidoras que não cessam de ensangüentar regiões da terra, diante do egoísmo e da pretensão do homem de colocar-se como deus de si mesmo, que por vezes leva a perigosas alterações do desígnio divino acerca da vida e da dignidade do ser humano, acerca da família e da harmonia da criação."

O Santo Padre concluiu a homilia afirmando que a Epifania de Cristo é, de modo reflexivo, a manifestação da Igreja, a qual – "com os seus limites e as suas misérias" – "ressalta a obra do Espírito Santo".

Por fim, Bento XVI exortou os fiéis, nas pegadas de São Paulo, a se alimentarem das Sagradas Escrituras para poder ser e anunciar a luz de Cristo "com a palavra e o testemunho de vida". (RL)







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