Médio Oriente: comunidade internacional pede o fim da violência, tanto dos bombardeamentos
israelitas, como dos tiros de morteiro palestinianos. A condenação da Santa Sé
na voz do director da Sala de Imprensa da Santa Sé e do Custodio da Terra Santa
(28/12/2008) O ministro israelita da Defesa, Ehud Barak, declarou-se hoje satisfeito
com o resultado das operações do Exército israelita contra o Hamas, na Faixa de Gaza,
e defendeu o seu alargamento. Os ataques israelitas de ontem contra posições do grupo
islamista, para os quais o Conselho de Segurança das Nações Unidas já pediu o fim
imediato, já provocaram 271 mortos, e 620 feridos. Quartéis e esquadras da polícia,
campos de treino, edifícios onde funcionavam serviços do Hamas e rampas de lançamento
de “rockets” foram os alvos preferenciais dos cerca de cem mísseis e bombas lançados
pelos aviões e helicópteros de combate israelita.
O Hamas, que controla há
ano e meio a Faixa de Gaza, apelou – pela voz do seu líder do exílio, Khaled Meshaal
– aos palestinianos para iniciarem uma terceira Intifada contra Israel, em retaliação
pelos bombardeamentos.
Depois de conversar com George W. Bush, a secretária
de estado norte-americana, Condoleezza Rice, emitiu um comunicado a exigir o cessar-fogo
imediato na região.
A União Europeia, as Nações Unidas e a Rússia também já
pediram o fim da violência, tanto dos bombardeamentos israelitas, como dos tiros de
morteiro palestinianos. Os países árabes e a organização da Conferência Islâmica
condenam o ataque israelita considerando-o «um crime de guerra». A França, que
está a presidir à União Europeia, pede uma trégua duradoura e apela aos países vizinhos,
como o Egipto, para que se envolvam na resolução da crise no médio-oriente. O Egipto,
por seu lado, já condenou o que considera ser uma agressão militar israelita e abriu
o terminal da Rafa, junto à fronteira, com Gaza para acolher os feridos. No Líbano,
milhares de palestinianos manifestaram-se nos campos de refugiados e em muitas cidades
árabes, em Israel, o protesto repetiu-se. O recrudescimento da violência no Médio
Oriente preocupa a comunidade católica local, como afirma o custódio da Terra Santa,
Padre Pierbattista Pizzaballa: "Esta incursão – que tememos ser somente o início
– foi há muito tempo anunciada por Israel. Estamos em campanha eleitoral e todos devem
mostrar a sua força. As provocações de Hamas também eram evidentes. Infelizmente,
estamos dentro de um roteiro já escrito e visto várias vezes ".
Também
o director da Sala de Imprensa da Santa Sé padre Federico Lombardi, se pronunciou:
"O ataque das forças armadas de Israel contra as bases e as estruturas de Hamas na
Faixa de Gaza era aguardado desde quando, terminada a trégua alguns dias atrás, o
lançamento de mísseis e golpes de morteiro de Gaza foi retomado".
Para
o Pe. Lombardi, mesmo esperada, a reacção israelita impressiona pelas suas proporções
e pelo número de vítimas. "Muito provavelmente, as operações militares continuarão
e as vítimas aumentarão."
Com a violência, afirmou o Padre Lombardi, o
ódio crescerá ainda mais e as esperanças de paz voltarão a distanciar-se. "Hamas
é prisioneiro de uma lógica de ódio. Israel é prisioneiro de uma lógica de confiança
na força como melhor resposta ao ódio. É preciso continuar a buscar uma saída diferente,
mesmo que pareça impossível", concluiu.