O PAPA NO ANGELUS: OS CRISTÃOS VENÇAM O MAL COM A FORÇA DA VERDADE E DO AMOR
Cidade do Vaticano, 26 dez (RV) - Hoje, 26 de dezembro, dia em que a Igreja
celebra a festa de Santo Estevão, primeiro mártir, é feriado no Vaticano e na Itália.
Ao
meio-dia desta sexta-feira, o Santo Padre assomou à janela de seus aposentos _ que
dá para a Praça São Pedro _ para a oração mariana do Angelus. Em sua alocução,
o pontífice fez um premente apelo pela libertação das duas consagradas italianas seqüestradas
há mais de um mês e meio no Quênia, e de todos os seqüestrados no mundo. Em seguida,
indicou o primeiro mártir da Igreja _ que morreu como Cristo perdoando os seus assassinos
_ como modelo para os cristãos.
A exemplo de Santo Estevão, os cristãos aprendam
a ser "testemunhas críveis do Evangelho vivido na verdade e na caridade": o Santo
Padre fez essa exortação recordando a morte do primeiro mártir cristão, assassinado
"por causa de sua pregação enérgica e corajosa" num período no qual ser perseguidor
da Igreja "era vivido… como um dever e um motivo do qual orgulhar-se". Mas justamente
esse testemunho foi "decisivo" para a conversão de Saulo Tarso _ afirmou o papa:
"Saulo
perseguia a Igreja e também havia colaborado para a lapidação de Estevão: o havia
visto sofrer a lapidação e, sobretudo, o modo como Estevão morreu: em tudo como Cristo,
ou seja, rezando e perdoando os seus assassinos (cfr At 7, 59-60)."
Pouco
tempo após o martírio de Estevão, Jesus ressuscitado apareceu a Saulo na estrada de
Damasco, aonde o "zeloso perseguidor da Igreja" pretendia chegar para prender outros
cristãos:
"Na estrada de Damasco Saulo entendeu que perseguindo a Igreja
estava perseguindo Jesus morto e verdadeiramente ressuscitado; Jesus vivo em sua Igreja,
vivo também em Estevão, que ele havia visto morrer, mas certamente agora vivia junto
com o seu Senhor ressuscitado. Podemos quase dizer que na voz de Cristo percebeu a
voz de Estevão e, também por sua intercessão, a graça divina lhe tocou o coração.
Foi assim que a existência de Paulo mudou radicalmente. A partir daquele momento Jesus
tornou-se a sua justiça, a sua santidade, a sua salvação (cfr 1 Cor 1,30), o seu tudo."
E
um dia _ acrescentou Bento XVI _ também Paulo "seguirá Jesus nas mesmas pegadas de
Estevão, derramando o próprio sangue em testemunho do Evangelho":
"Em Santo
Estevão vemos realizar-se os primeiros frutos da salvação que o Natal de Cristo trouxe
à humanidade: a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, e da luz da verdade
sobre as trevas da mentira. Louvemos a Deus porque esta vitória permite também hoje
a tantos cristãos que não respondam ao mal com o mal, mas com a força da verdade e
do amor."
Após a oração do Angelus, o pontífice expressou a sua
preocupação "por aqueles que se encontram em situações de sofrimento e de graves dificuldades".
O pensamento do Santo Padre dirigiu-se, em particular, às duas consagradas italianas
Maria Teresa Olivero e Caterina Giraudo, pertencentes ao Movimento contemplativo missionário
"Padre de Foucauld", seqüestradas há mais de um mês e meio, junto a um grupo de seus
colaboradores locais, no vilarejo de El Waq, no norte do Quênia.
"Gostaria
que neste momento sentissem a solidariedade do papa e de toda a Igreja. O Senhor,
que nascendo veio doar-nos o seu amor, toque o coração dos seqüestradores e conceda
o quanto antes a essas nossas irmãs que sejam libertadas pra poder retomar o seu generoso
serviço aos irmãos mais pobres. Por isso, caros irmãos e irmãs, convido todos a rezarem,
sem esquecer os numerosos seqüestros de pessoas em outras partes do mundo dos quais
nem sempre se tem clara notícia: penso nos seqüestrados quer por motivos políticos
quer por outros motivos na América Latina, no Oriente Médio e na África. Que a nossa
solidária oração seja neste momento para todos eles de íntima ajuda espiritual."
Por
fim, o pontífice ressaltou que "a festa de Santo Estevão nos recorda que somos chamados
a seguir Jesus no caminho da Cruz: embora o sofrimento seja parte da vida, um Deus
que entra pessoalmente na história tem o poder de salvar-nos através dele". "Que essa
fé permaneça em nós não obstante toda e qualquer adversidade" _ concluiu o papa. O
Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção apostólica. (RL)