Sentido de solidariedade e responsabilidade em relação às gerações futuras: a exortação
do Papa ao receber o Embaixador das Seychelles
(19/12/2008) “Todos somos responsáveis de todos”. A solidariedade é ao mesmo tempo
uma virtude moral e social. Temos a responsabilidade de trabalhar pelo bem comum.
– Recordou-o Bento XVI nesta sexta-feira, recebendo as Cartas Credenciais do novo
Embaixador das Seycheles (arquipélago na costa oriental da África). Referindo
com apreço os esforços que as autoridades desta República estão a fazer para reduzir
o seu débito público, o Santo Padre sublinhou a necessidade de contarem com o apoio
das instituições internacionais, observando que se trata de “um desafio importante
perante as gerações futuras”.
“Seria injusto que os homens de hoje fugissem
às suas responsabilidades e fizessem pesar as consequências das suas opções ou da
sua inacção sobre as gerações que virão depois. Trata-se, portanto, não apenas de
sanear a economia, mas também, ao mesmo tempo, de enfrentar uma questão de justiça
social”.
Contar com contas públicas acertadas permite, aliás, assegurar um
quadro mais seguro para a actividade económica, protegendo assim melhor as populações
mais pobres e vulneráveis” – observou o Papa. Um “louvável objectivo” que carece da
cooperação de todos. É “essencial o sentido de solidariedade”. “A harmonia social
está ligada não apenas a um quadro legislativo justo e acertado, mas também à qualidade
moral de cada cidadão”, como bem recorda o Compêndio de Doutrina Social da Igreja,
aqui citado por Bento XVI:
“a solidariedade apresenta-se sob dois aspectos
complementares: o do princípio social e o da virtude moral. A solidariedade eleva-se
ao plano de virtude social quando se pode apoiar ao mesmo tempo sobre estruturas de
solidariedade, mas também sobre a firme e perseverante determinação de cada pessoa
em actuar a favor do bem comum, porque todos nós somos responsáveis de todos”.
Quase
a concluir o seu discurso ao novo Embaixador da República das Seycheles, o Santo Padre
congratulou-se com os esforços desenvolvidos neste país no sentido de “construir um
sistema educativo de qualidade” e encorajou a “que se prossiga neste caminho, semeando
generosamente para o futuro”. Com uma advertência, porém:
“esta preocupação
pela educação permaneceria vã se a instituição familiar fosse excessivamente fragilizada.
As famílias têm constantemente necessidade de serem encorajadas e apoiadas pelos poderes
públicos. Há uma profunda harmonia entre as tarefas da família e os deveres do Estado.
Favorecer entre eles uma feliz sinergia, é actuar eficazmente por um futuro de prosperidade
e de paz social”.