BOLÍVIA: " A IGREJA JAMAIS FALA CONTRA OU A FAVOR DE UM SISTEMA POLÍTICO"
La Paz, 11 dez (RV) - “A Igreja jamais fala contra ou a favor de um sistema
político. A Igreja fala para dar orientação aos fiéis a partir do Evangelho, cumprindo
assim com a missão confiada pelo Senhor: iluminar e guiar o Povo de Deus”. É o que
se lê no comunicado do episcopado boliviano, assinado pelo secretário-geral, o bispo
de El Alto Dom Jesús Juárez Párraga, após numerosas e injustificadas críticas feitas
nos últimos dias por algumas personalidades do governo da Bolívia ao Santo Padre,
ao arcebispo de Santa Cruz e presidente da Conferência episcopal, cardeal Julio Terrazas,
e a outros prelados do país.
“Os bispos – prossegue o comunicado – rechaçam
as afirmações irreverentes contra o Santo Padre, pois confinam com o insulto e, sobretudo,
ignoram o apreço e o afeto da opinião pública mundial” em relação ao Pontífice “seja
por sua humanidade seja por seus ensinamentos que fazem dele uma das pessoas mais
iluminadas do nosso século”.
Os bispos bolivianos recordam e sublinham a “paterna
preocupação de Bento XVI” diante dos acontecimentos no país sul-americano, as suas
palavras de apoio e encorajamento na busca da paz, do diálogo e da unidade, renovadas
recentemente com particular solicitude durante a visita ad Limina dos bispos bolivianos.
“Em espírito de comunhão” os bispos renovam mais uma vez a sua “solidariedade
ao cardeal Julio Terrazas”, pessoa amada e conhecida em todo o país pelas suas ações
humanitárias e pastorais “sem manchas”, sempre ao serviço do povo de Deus, “com uma
particular atenção aos mais pobres e marginalizados”.
As suas mensagens – lê-se
no comunicado – “representam todos nós seus irmãos no episcopado, todos os pastores
e todos os componentes do Povo de Deus”. “Quando um pastor fala sobre temas que se
referem à realidade nacional – observam os bispos – certamente não o faz com uma finalidade
política. O ministério sacerdotal se baseia na missão libertadora de Jesus, o Filho
de Deus, que envia os seus profetas.
Ao reafirmar que a Igreja não toma parte
a favor ou contra os governos os bispos citando a Constituição conciliar “Gaudium
et Spes” /76), escrevem: “Mas sempre e em todo lugar, e com verdadeira liberdade,
é seu direito pregar a fé e ensinar a doutrina social, exercer sem obstáculos a missão
entre os homens e dar o seu parecer moral, também sobre questões que se referem à
ordem política, quando dizem respeito aos direitos fundamentais da pessoa e da salvação
das almas. E fará tudo isso utilizando todos e somente os meios que são conformes
ao Evangelho em harmonia com o bem de todos, segundo a diversidade dos tempos e das
situações”.
Para os bispos existem “problemas reais e urgentes” como a pobreza,
a crise econômica, o desemprego, as migrações, a justiça, a segurança dos cidadãos,
a violência, o narcotráfico, a infância abandonada...” que deveriam preocupar todos,
em particular aqueles que têm as mais altas responsabilidades políticas.
Trata-se
de desafios que merecem “um esforço conjunto por parte de todas as forças vivas da
nossa sociedade”. Neste tempo de graça no qual o Advento, “nos prepara para o Natal”,
os bispos lançam enfim um apelo sereno e confiante a todos os católicos para que mantenham
a unidade”. “Nos dirigimos – escrevem – ao senso comum e à capacidade reflexiva dos
cidadãos para reafirmar que os nosso problemas podem ser resolvidos através do diálogo
e do respeito recíproco e da reconciliação”. (SP)