Só em comunhão e solidariedade se pode ser cristão: advertiu o Papa na audiência geral,
a propósito da doutrina sacramental de São Paulo
(10/12/2008) Ninguém se torna cristão sozinho. “Eucaristia sem solidariedade com
os outros é um abuso da Eucaristia”: afirmações de Bento XVI, na audiência geral desta
quarta-feira, renovando o apelo à solidariedade que lançou na tarde do dia 8, aos
pés da imagem da Imaculada Conceição, na Praça de Espanha. Prosseguindo o ciclo
de catequeses sobre São Paulo, o Papa falou desta vez da “vida nova” – a “nova criatura”,
“o homem novo” – “dom de Cristo através da Palavra e dos Sacramentos, sempre e em
todo o caso numa experiência de escuta e de comunhão com o outro”. “Ninguém se
pode tornar cristão sozinho – sublinhou. Ninguém se pode baptizar a si mesmo”. É portanto
“o outro” que nos faz cristãos: em primeira instância, “a comunidade dos crentes”,
a Igreja, da qual recebemos a fé e o baptismo. Comunidade que é também ela, por sua
vez, “passiva”, enquanto destinatária dos dons de Cristo. Isto acontece ainda mais
explicitamente – explicou o Papa – na Eucaristia, sacramento “pessoal e social” por
excelência, que une Cristo a cada crente, e a estes entre si. É isto “a comunhão”.
“Eucaristia sem solidariedade com os outros é um abuso da Eucaristia”.
Para
além dos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia, em que é evidente
o elo de comunhão dos crentes com Cristo e entre si, Bento XVI fez notar que é “a
partir desta mesma perspectiva da comunhão que o Apóstolo (Paulo) explica também o
sacramento do Matrimónio, que não se deve entender apenas como um remédio para a concupiscência
mas sim como a expressão da pertença recíproca dos esposos, iluminada pelo mistério
do grande amor entre Cristo e a Igreja”.
Entre os fiéis presentes nesta quarta-feira
na Aula Paulo VI, para a audiência geral, contavam-se também peregrinos de língua
portuguesa, aos quais o Papa dirigiu uma saudação especial:
Amados
peregrinos de língua portuguesa, as minhas boas-vindas a todos, com uma saudação deferente
e amiga aos Presidentes das Câmaras e respectivos munícipes do Alto Tâmega. Imploro
as bênçãos de Deus sobre os respectivos compromissos institucionais para que, inspirados
pela solidariedade cristã, possam servir e promover o bem comum da sociedade. Com
estes votos e a certeza da minha oração pelas intenções que vos trouxeram a Roma,
vos abençoo a vós, aos vossos familiares e comunidades cristãs.