ARCEBISPO DE YANGUN FAZ APELO EM PROL DA POPULAÇÃO DE MIANMAR
Roma, 08 dez (RV) - “Não se esqueçam da população de Myanmar”: é o apelo lançado
pelo arcebispo de Yangun, D. Charles Maung Bo, presente nestes dias em Roma na sede
da Caritas Internationalis para analisar a situação da reconstrução do país após a
passagem do ciclone Nargis, em maio passado, que provocou a morte de cerca de 200
mil pessoas e deixou mais de 2 milhões de desabrigados.
A situação agravou-se
pelo isolamento do país confirmado também pelo Secretário-geral da ONU Ban Ki-moon
que se disse desiludido diante da falência dos esforços que visavam promover a democracia
na ex-Birmânia, excluindo uma sua visita àquele país asiático.
Eis o que disse
o arcebispo de Yangun, Dom Charles Maung Bo à Rádio Vaticano: R. “A
Caritas Internacional está nos ajudando através da Caritas australiana, a Igreja nos
ajuda nas áreas atingidas. Em prática, todos os trabalhos são feitos através de organizações
paroquiais. Portanto, essa ajuda passa através do sistema da Igreja Católica, através
dos sacerdotes das paróquias e dos religiosos, na maior parte do tempo ocupados em
levar ajudas. Há muito ainda a ser feito para ajudar a população. Com base nos nossos
projetos, serão ainda necessários dois ou três anos para reconstruir a sociedade:
nós não trabalhamos somente para os católicos, mas ajudamos também os demais. Ajudamos
muito os budistas....”
P. Sobre as relações entre os monges budistas e
a Igreja católica: existe o diálogo inter-religioso, existe colaboração entre vocês?
R. “De fato, após o ciclone Nargis, muitos de nossos programas foram colocados
em prática pelos monges. No que se refere às nossas relações, essas são pacíficas,
amigáveis e pessoais. Oficialmente, porém, não existe um diálogo inter-religioso,
não há uma grande atividade. Mantemos um baixo perfil, porque o governo do nosso país
não é muito favorável ao fato que pessoas de credos diferentes se encontrem. Todavia,
entre os padres católicos e os monges budistas há uma verdadeira atmosfera sadia e
amigável.” P. Quais são, no seu parecer, os desafios que a Igreja
Católica e os católicos têm que enfrentar em Mianmar?
R. “Eles nos consideram
sequazes de uma religião estrangeira: este é um dos desafios que devemos enfrentar.
Ao mesmo tempo, estamos conscientes de que devemos procurar inserir a nossa fé na
cultura do país: também esse é um dos desafios. Outra coisa a dizer é que, apesar
de desejarmos fazer mais, no campo da educação ou da saúde, os recursos são muito
limitados e há muito controle por parte do governo. Por isso, é muito duro e difícil
para nós, atuarmos programas consistentes e livres, como gostaríamos de fazer. Somos
muito limitados. Mas mesmo assim procuramos fazer o melhor possível." (SP)