Faleceu Alexis II, patriarca da Igreja Ortodoxa Russa: a homenagem de Bento XVI
(5/12/2008) Faleceu hoje aos 79 anos de idade o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa,
Alexis II. Alexis II era Patriarca de Moscovo desde Junho de 1990 e tinha tido
durante os últimos anos graves problemas de saúde. Bento XVI reagiu com “profunda
tristeza” à notícia do falecimento do Patriarca Ortodoxo de Moscovo, Alexis II, assegurando
a sua “proximidade espiritual” a todos os fiéis da Igreja Russa. Numa mensagem
enviada ao Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa da Rússia, o Papa lembra o falecido Patriarca
como um combatente “corajoso” pelos valores “humanos e do Evangelho, em especial no
Continente Europeu”. A mensagem deixa votos de que este testemunho traga “frutos
de paz e progresso humano, social e espiritual genuínos”. O Papa fala de um “servidor
incansável” do Senhor e sublinha o “compromisso comum no caminho da compreensão mútua
e da cooperação” entre católicos e ortodoxos. Neste contexto, Bento XVI recorda
“os esforços do falecido Patriarca em favor do renascimento da Igreja, após uma tremenda
opressão ideológica que levou ao martírio de tantas testemunhas da fé cristã”. “Neste
triste tempo de perda”, pode ler-se na mensagem, “possa a memória deste servo do Evangelho
de Cristo ser um apoio para os que estão agora na dor e um encorajamento para os que
beneficiarão da sua herança espiritual como líder da venerável Igreja Ortodoxa Russa”.
Também o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, enviou uma
mensagem de condolências à Igreja Russa, na qual convida a "prosseguir o caminho de
testemunho evangélico no mundo".
A Santa Sé lamentou publicamente a morte
do líder da Igreja Ortodoxa Russa:em breve comunicado o presidente do Conselho Pontifício
para a promoção da unidade dos cristãos card. Walter Kasper manifesta a sua surpresa
e dor perante a notícia. “Recebemos com profunda tristeza a notícia da morte de
Sua Santidade Alexis II, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia. O Patriarca Alexis
foi chamado a guiar a Igreja Ortodoxa Russa num período de grandes mudanças e a sua
liderança permitiu que a Igreja enfrentasse a transição da era soviética para o presente
com uma renovada vitalidade interior”, afirma o Cardeal Walter Kasper. Para o
Cardeal Kasper, o falecido Patriarca foi “providencial para fomentar o enorme crescimento
das dioceses, paróquias, mosteiros e instituições educativas que deram nova vida a
uma Igreja duramente testada por muito tempo”. O presidente do Conselho Pontifício
para a promoção da unidade dos cristãos lembra que Alexis II sempre “fez questão de
manifestar a sua boa vontade em relação ao Papa e o seu desejo de fortalecer a colaboração
com a Igreja Católica”. “O seu compromisso pessoal na melhoria das relações com
a Igreja Católica, apesar das dificuldades e tensões que emergiram de tempos a tempos,
nunca esteve em dúvida”, pode ler-se. A Santa Sé une-se às orações da Igreja Ortodoxa
Russa, pedindo que o falecido Patriarca “possa ser recompensado pelo longo e dedicado
ministério na Igreja que ele amou”. Degelo Em Outubro deste ano, o
Vaticano admitira a possibilidade de se realizar, proximamente, um encontro entre
o Papa e o Patriarca Ortodoxo de Moscovo, deixando claro que apesar das dificuldades,
o clima mudou nas relações bilaterais. Nesse mesmo mês, Alexis II escreveu a Bento
XVI, manifestado “sentimentos de profundíssima estima e sincera benevolência” A
missiva foi a resposta à carta que o Papa enviou através do Cardeal Crescenzio Sepe,
Arcebispo de Nápoles, durante a sua visita a Moscovo. A carta de Alexis II foi
publicada, no seu original russo, no jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano. Paris,
Cardeal André Vingt-Trois; o Arcebispo de Nápoles, Cardeal Crescenzio Sepe – acompanhado
por D. Vincenzo Paglia, responsável pelo sector ecuménico da Conferência Episcopal
Italiana - e, antes deles, o Arcebispo de Milão o Cardeal Dionigi Tettamanzi. Ao
contrário do que acontecia com João Paulo II, o Patriarca Ortodoxo de Moscovo não
coloca completamente de parte uma possível visita de Bento XVI à Rússia, desde que
os problemas existentes sejam resolvidos. Entre eles, o que tem maior destaque é o
alegado proselitismo da Igreja Católica em territórios da antiga URSS, para além do
uniatismo (termo com o qual os ortodoxos se referem aos cristãos de países de tradição
ortodoxa em união com o Papa). Segundo a imprensa russa, o possível sucessor de
Alexis II será o metropolita Kiril, de Smolensk e Kaliningrado, presidente da secção
das relações exteriores do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo.