(29/11/2008) “Os atentados de Mumbai, com mais de dez objectivos de grande relevo
atingidos de modo coordenado, mais de cem mortos e centenas de feridos, precipitaram
na angústia a Índia e grande parte do mundo. O grau de violência homicida e a evidente
intenção de atingir o coração de um grande país trouxeram ao espírito o 11 de Setembro
em Nova Iorque, e depois também Madrid, Londres… As tensões e conflitos que desde
há muito agitam o sub-continente indiano foram deliberadamente identificadas como
ponto crítico sobre o qual intervir para deflagrar um incêndio ainda mais aterrador,
de consequências dificilmente imagináveis, dadas as dimensões demográficos da Ásia
meridional e o seu papel no desenvolvimento mundial. A piedade e o sofrimento para
com as vítimas destes dias intensificam-se portanto pensando no imenso sofrimento
que insensatos e lúcidos agentes de ódio querem multiplicar para inúmeras pessoas Para
os crentes, a preocupação humana alia-se à preocupação religiosa. Recordamos a antiga
tensão que levou à divisão entre Índia e Paquistão, mas também as persistentes - e
porventura crescentes - correntes fundamentalistas não só do mundo islâmico, mas também
hinduísta. Há poucos anos, houve na Índia uma vaga de violência anti-muçulmana, recentemente
fizemos a experiência da violência anti-cristã em algumas regiões. Num país em que
a “minoria” muçulmana é de 140 milhões de pessoas, quais podem ser as reacções a este
ataque que se apresenta como de matriz islâmica? É horrível que no mundo de hoje
a religião se misture com a violência. O fundamentalismo é um dos mais dramáticos
riscos da humanidade e desafia a consciência de todo o homem religioso. “Não se pode
usar a violência em nome de Deus”: o grito de João Paulo II, as mensagens de Assis,
devem continuar a ressoar o mais alto possível. A causa da paz, a causa do homem é
a causa do verdadeiro Deus.”